Roberto Muylaert: É só uma picadinha
Depois dessa introdução com visível complexo de inferioridade, que autoridade vai ter o juiz para condenar o réu?
Por iG São Paulo | - por Roberto Muylaert |
Paradoxo do Brasil, o candidato mais cotado para a sucessão em 2018, Lula, recebe uma saraivada de acusações gravíssimas, das quais se defende falando cada vez mais grosso, enquanto o presidente em exercício tenta fazer passar as reformas de que o Brasil necessita, falando cada vez mais fino, sem apoio popular, baseando-se em seu exército de “Irmãos Metralha” no Congresso.
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O pessoal do PT, debaixo dessas acusações sobre Lula , já não diz que não fez, apenas pede provas. Ninguém dá recibo de propinas, sendo elementar o apagar de mensagens comprometedoras, como as da diabólica marqueteira, em canal exclusivo com a chamada presidenta.
A quantidade de notícias que surgem a cada hora na televisão faz o pessoal da Globo News ficar de olheiras, dando a impressão de que dormem no Congresso, como Cristiana Lobo e Gerson Camarotti, os chamados “vinte e quatro horas”.
Assim mesmo, faltaram algumas análises, como a do juiz Moro interrogando o ex-presidente. Foi um espetáculo de quase subserviência do juiz, em relação ao ex-presidente.
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No início, o número de informações que Moro passou ao interrogado, buscando tranquiliza-lo, foi over. Lembrou aqueles hospitais de elite, tipo Sírio-Libanês e Einstein, onde as enfermeiras são treinadas para avisar ao paciente tudo o que vai acontecer, tipo: “agora o senhor vai sentir um friozinho do liquido que passei, e então é só uma picadinha…”.
Moro avisou ao interrogado que não tomasse nenhum susto, já que as perguntas poderiam ser inconvenientes, mas não eram dele, e sim do Ministério Público, que naquele encontro não havia nada de pessoal na forma de inquiri-lo, tudo conforme a lei, e finalmente, a joia da introdução: “não se preocupe com as notícias que circularam de que o senhor seria preso durante esta audiência, não há nenhuma possibilidade de que isso aconteça”, ao que o interrogado, superior, respondeu: “eu já esperava isso…”.
Depois dessa introdução com visível complexo de inferioridade, que autoridade vai ter o juiz para condenar o réu?
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Sobre o famoso triplex, Lula tratou o caso como uma ação de venda do presidente da OAS, na qualidade de corretor de imóveis. Não ocorreu a Moro dizer ao réu que não estava em pauta a compra de imóvel, e sim doação como propina?
Roberto Muylaert é editor e jornalista