Luiz André Ferreira

Impacto silencioso: consequências ambientais da doença renal crônica

A pegada de carbono desses doentes pode se igualar à de 1,5 milhão de carros até o ano de 2032

Foto: redacao@odia.com.br (Agência Brasil)
A terapia renal substitutiva, como a hemodiálise, indicada nas fases mais avançadas, gera impacto ainda maior


Além de todos os sintomas e efeitos colaterais sofridos por pacientes renais crônicos, um levantamento aponta que eles geram um impacto ambiental bem maior do que pessoas saudáveis.

Um curioso estudo apresentado no Congresso Mundial de Nefrologia, realizado em Buenos Aires, apontou que a pegada de carbono desses doentes pode se igualar à de 1,5 milhão de carros até o ano de 2032.

Impacto ambiental

Além do Brasil, a análise foi feita nos Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Alemanha, Holanda, China e Austrália. A pesquisa, denominada IMPACT CKD, alerta que, daqui a oito anos, o uso geral de água utilizado no tratamento seja de mais de 60,7 milhões m3, levando em consideração somente as nações analisadas. Essa quantidade equivale ao consumo de 370 mil casas!

A terapia renal substitutiva, como a hemodiálise, indicada nas fases mais avançadas, gera impacto ainda maior. A metodologia utilizada para se chegar a esses dados simulou o nível de gravidade do paciente confrontado com tamanho da população do país.

Impacto econômico

O estudo ainda apresenta projeções sobre o absenteísmo, fenômeno que afeta não só o doente, mas também o seu cuidador. A projeção é de que, ao longo de dez anos, sejam perdidos 365,9 milhões dias de trabalho de pacientes e 41,4 milhões de cuidadores, gerando uma perda de receita para o período de cerca de R$8,9 bilhões somando os oito países analisados.

O estudo IMPACT CKD visa melhorar a compreensão da doença renal crônica e incentivar o diagnóstico precoce.

“É fundamental que todo o ecossistema da saúde aumente, cada vez mais, seu entendimento do impacto da doença renal crônica para o paciente, a economia e o meio ambiente. Toda a comunidade envolvida no diagnóstico, tratamento, pesquisa – sociedades médicas, associações de pacientes, indústria de pesquisa, gestores políticos e gestores de saúde – deve trabalhar em prol de conscientização, ampliando a antecipação do diagnóstico e evitando a progressão da doença, para assim construir uma possibilidade de transformação de cenário”, explica Karina Fontão, diretora médica da biofarmacêutica AstraZeneca Brasil.