Homenagens não acontecem apenas em Santos. Além da referência durante o Réveillon de Copacabana, no Rio de Janeiro, Pelé também foi lembrado pela Roda Gigante do Porto e o Cristo Redentor através de cores e imagens projetadas em suas estruturas.
Estátua de Pelé no calçadão de Copacabana
Assim como a de Ayrton Senna (em frente ao Copacabana Palace), o Rei do Futebol também merecia uma imagem no icônico calçadão de Copacabana. Seria uma justa homenagem já que ele teve passagens memoráveis pelo Rio de Janeiro.
Além disso, serviria de imagem para os turistas, já que a Cidade Maravilhosa continua sendo o principal portão de entrada de estrangeiros no Brasil. Num mundo cada vez mais instagramável, as pessoas buscam por selfies icônicas.
Homenagens populares do Maracanã
Com a cidade cheia de visitantes, pessoas depositaram flores, uma bandeira do Brasil e fotos no entorno do Maracanã. Na falta de uma referência de Pelé no entorno, essas lembranças foram deixadas aos pés da estátua do ex-jogador da seleção Bellini em alusão a taça da Copa de 1958 – o primeiro dos três títulos mundiais de Pelé. O Rei do Futebol já é representado no Museu existente dentro do emblemático Maraca. Vários fatos marcantes da carreira do esportista ocorreram nesse estádio, que figurou por muito tempo como o maior do mundo. Seu gramado serviu de palco para o atleta brilhar em vários torneios nacionais e internacionais como amistosos e a partidas da Copa do Mundo.
Ao todo, foram 97 jogos e 69 gols do Rei no Maracanã. Foi neste gramado que Pelé imprimiu o conceito do "gol de placa", driblando sete jogadores e garantindo a vitória por 3 a 1 sobre o Fluminense pelo Torneio Rio-São Paulo. Isso sem falar que foi no Maraca que ele fez o milésimo gol de sua carreira. A administração do estádio também reverenciou o astro do esporte com uma iluminação especial em dourado.
Embaixador do Brasil
Boa parte do mundo descobriu o Brasil e a Seleção Brasileira através do Pelé. Num planeta ainda não globalizado pela internet, muitos ouviram falar desse distante país através do jogador e do futebol. É indissociável a ligação da imagem do país com esses dois ícones. Mesmo após pendurar as chuteiras, continuou como o efetivo Embaixador do Brasil.
É muito comum para nós brasileiros estarmos em qualquer parte do mundo e sermos saudados com simpatia através da ligação que fazem com o Pelé. Sempre querem saber histórias, curiosidades e nos reverenciam através da associação com a imagem do atleta.
Mais famoso que o Papa
Numa época pré-Google, no início dos anos 90, a ONU fez uma pesquisa, para buscar quais as palavras eram as mais conhecidas no mundo, levando em consideração todos os setores de atividade. E o resultado final foi: Pelé, Coca Cola e Papa. Ele não é apenas o maior jogador de futebol ou atleta do século 20. É reverenciado como um Rei, num mundo onde a maioria das monarquias restantes possui função meramente decorativa.
Receber essa condecoração informal sendo preto, pobre com pouca escolaridade num mundo excludente e preconceituoso é verdadeiramente uma exceção. Sua subida nesse podium mundial serve de esperança para muitos furarem o bloqueio da exclusão social. Só um parêntese: em 1940 quando Edson Arantes do Nascimento nasceu, o Brasil tinha apenas 52 anos em que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea, de libertação dos escravizados.
Ditadura Militar
Foi muitas vezes cobrado por um posicionamento combativo em relação à ditadura militar que se estendeu do Golpe aplicado em 1964 até o ano de 1985. Era um período em que ainda não tinha-se atentado que o silêncio também pode ser uma forma de chamar a atenção. Mas não seria injusta essa cobrança sem levar em consideração o contexto histórico?
Nos anos 90, aprendeu a ir mais fundo nas questões sociais e chegou a pedir que pretos votassem em negros, uma representatividade que não existe até hoje na política e em outros segmentos brasileiros.
No Senado Federal, com a composição formada após as eleições de 2022, os declarados pretos ou pardos são apenas 24% das cadeiras, uma representatividade ainda bem distante do perfil da população brasileira.
Namoro com a Rainha Xuxa
Foi muito criticado por só namorar mulheres brancas e louras. Entre seus relacionamento, com a intitulada "Rainha dos Baixinhos", a apresentadora Xuxa. Assim desafiou outra ditadura: a das “relações interraciais (repare que coloquei entre aspas esse termo também altamente racista). Mostrou que um negro pode namorar quem quiser lhe corresponder. Foi uma forma de mostrar a um Brasil elitista e racista que o amor ou a atração não podem ser separados pela cor da pele.
Criancinhas
Nas entrelinhas, ao completar seu milésimo gol, há mais de 5 décadas, pediu ao mundo que lembrasse das criancinhas e que cuidassem delas. Dedicou essa sua conquista a essa causa social, ainda pouco externada no mundo. Mas essa ordem do Rei não cumprida até hoje com a perpetuação de problemas sociais mundiais envolvendo essa faixa etária: de pedofilia até a fome, passando pela falta de acesso à educação e de perspectivas.
Garoto-Propaganda
Começou a ganhar muito dinheiro a partir de 1969 e sendo exemplo para atletas de todo o mundo de que mesmo fora dos gramados e após a aposentadoria, o atleta pode reverter sua imagem em contratos de publicidade. A marca Pelé chegou a ter valor estimado de 600 milhões de reais. Foi o se primeiro jogador de futebol garoto-propaganda.
Lei Pelé
Foi ministro dos Esportes, entre 1995 e 1998, no Governo Fernando Henrique Cardoso. Emprestou o prestígio do seu nome ao judiciário para implantar a Lei Pelé ou do Passe. Ela é associada à Lei Áurea. Ela estabeleceu a legislação trabalhista deste segmento, dando mais autonomia ao próprio atleta a respeito de sua carreira dominada por empresários e clubes.
Apelido Pelé
Edson Arantes do Nascimento foi chamado por vários termos racistas como: Negrão, gasolina... E nem o atleta sabe como chegou exatamente a alcunha de Pelé, que o consagrou para o mundo. Também não se tem certeza de que nasceu realmente no dia 23 de outubro, já que era comum em 1940 a imprecisão da data nos registros.
Escola de Samba
Apesar de toda a fama, curiosamente Pelé nunca foi reverenciado com uma das maiores honrarias populares para uma personalidade no Brasil: ser tema de uma escola de samba do Rio de Janeiro, berço dessa arte. O atleta já foi citado em alguns enredos, como da Grande Rio, em 2016, quando falou da cidade de Santos - onde jogou.
Mas nunca teve uma homenagem efetivamente sua nas grandes agremiações cariocas que são mais de 30 juntando os dois principais grupos e que produzem anualmente um enredo cada uma entre as mais variadas temáticas.