Planalto é contra manifestação que pede prisão de Bolsonaro

Governo acredita que caso deve ficar nas mãos do poder judiciário

Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação
Presidente Lula


Membros do Planalto são majoritariamente contra a realização de uma manifestação pedindo a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que vem sendo organizada por institutos e organizações ligados à esquerda. Líderes políticos, ministros e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não enxergam nenhum benefício num evento deste tipo no momento atual do Brasil.

Fontes ouvidas pelo Portal IG foram unânimes em confirmar que a cúpula do governo federal não apenas é contra a realização da manifestação, mas também vem trabalhando nos bastidores para barrar a organização. Na visão dos ministros e do próprio presidente, não há motivos para se protestar e criar um clima de competição e comparativos com bolsonaristas.

Um ministro chegou a dizer que, com o Brasil crescimento, com Lula criando novos programas e com o esvaziamento completo do poder de Bolsonaro, não há mobilização e uma manifestação nesses moldes correria o risco de ser um fiasco, já que a experiência mostra que militantes que não estão mobilizados indica um esvaziamento do público e isso daria narrativa para os bolsonaristas afirmarem que o ex-presidente conta com maior apoio. "As urnas mostraram quem tem mais apoio, não há porque entrarmos nessa toada", afirmou.

Mas o comparativo não é o único motivo para o Planalto se movimentar para evitar a manifestação. O próprio presidente Lula disse algumas vezes que só vê motivo para protestos diante de injustiças ou na busca por direitos e não é o caso. Segundo ele afirmou a aliados, o STF (Supremo Tribunal Federal) e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) estão agindo dentro da lei e cumprindo o devido processo legal e, portanto, não existe razão para ir às ruas pedir pela prisão de Bolsonaro, uma vez que ele ainda está sendo investigado e nem julgado foi.

Lula teme que Bolsonaro use a narrativa de um injustiçado e que caia em disputa com o que aconteceu com o próprio presidente. Na visão dele, os protestos em seu favor se mostraram eficazes por conta dos vícios do processo e que não quer que isso se repita com o adversário político, deixando com que o devido processo legal seja cumprido dentro dos trâmites e sem açodamento.

Outros ministros também defendem que não há razão alguma para protestos e que a militância deveria usar a energia para mostrar a melhoria sensível que o Brasil vem sofrendo desde 2023. Na visão do grupo político do primeiro escalão do governo, são os militantes quem podem vencer a narrativa do bolsonarismo ao apontar que vivemos num país melhor desde que Lula assumiu, ao menos é o que eles defendem.


De todo modo existe uma disputa interna. Parte significativa da esquerda, inclusive membros do MST (Movimento dos Sem Terra) e do próprio PT, defende a manifestação como forma de mostrar ao poder judiciário que os brasileiros estão atentos e não aceitarão anistias.

Além disso, existe o desejo de mostrar força e indicar que a militância de esquerda é mais forte que o da extrema-direita. Justamente por isso é que não há como prever se haverá ou não a manifestação, embora se a palavra final for de Lula, o evento sequer será marcado