O afastamento de Darci Alves Pereira do comando do diretório estadual do PL no Pará, ocorrido nesta quarta-feira (28), por ordem do presidente nacional do partido, Valdemar da Costa Neto, teve bastidores bastante tensos, o que levou o cacique político a reclamar que estava perdendo o controle da sigla e que estaria sendo boicotado.
Segundo pessoas com trânsito no PL Nacional e que foram ouvidas pela reportagem do Último Segundo, Valdemar soube pela imprensa que Darci havia assumido o diretório estadual do partido. A pessoas próximas, o cacique reconheceu que soube antecipadamente da eleição do correligionário, mas que ninguém disse tratar-se do assassino de Chico Mendes.
Antes de tomar a decisão pelo afastamento imediato do presidente do PL no Pará, Valdemar conversou por muitos minutos com aliados, ora por telefone e ora por mensagens de texto e queria saber como aquilo aconteceu sem seu consentimento. Um membro do alto escalão da legenda afirmou que, em determinado momento da conversa, o chefe perdeu a paciência e questionou se havia algum levante contra ele para boicotá-lo e tirá-lo do poder.
Valdemar quis saber quem teria sido o fiador da campanha que colocou Darci como nome do PL no Pará. Ele ainda não conseguiu a resposta para isso, mas ficou incomodado ao saber que o homem já liderava a sigla em uma cidade paraense e que é um dos nomes ideologicamente ligados a Jair Bolsonaro (PL), mais do que à história partidária.
Para ele, esse tipo de erro é muita coincidência de acontecer justo num momento de fragilidade de seu mandato à frente do partido. Valdemar comentou com aliados que sente uma pressão interna para que ele se afaste do poder e entregue a direção para outro nome. A grande questão é que o outro nome seria de alguém diretamente indicado por Bolsonaro.
A guerra interna pelo poder no PL parece estar apenas começando. Embora Valdemar e Bolsonaro tenham boa relação e tentem transformar a sigla no maior partido do Brasil, superando a marca de mil prefeitos eleitos, os dois querem o controle. Por isso, a decisão de afastar Darci foi vista nos bastidores como uma resposta. "Quem manda no PL sou eu", seria o recado de Costa Neto a todos os outros nomes fortes do partido.