Enquanto 113 deputados federais assinaram o pedido de impeachment contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), líderes de diversos partidos se articulam para medir a temperatura no Congresso Nacional. A tendência atual é unânime: todos consideram que o risco do presidente ser impichado é nenhum.
O Último Segundo conversou com líderes de todos os espectros políticos e todos concordam que são dois impeditivos para o impeachment de Lula. O primeiro deles é o clima político no país, já que não haveria apoio popular para sacar um presidente eleito. Além disso, o governo federal fez uma coalizão que, embora frágil, garante maioria na Câmara e no Senado, portanto não haveria voto suficiente para tirá-lo do poder.
Ainda que o número de deputados que assinaram o pedido de impeachment seja maior do que o esperado, está muito longe dos votos necessários para tirar um presidente do poder. Um líder de centro-direita lembrou que Lula não teria constrangimento em fazer uma reforma ministerial para se manter no poder. "Ele é bem diferente da Dilma", afirmou.
Os parlamentares de oposição, porém, continuam articulando para garantir mais assinaturas. Eles acreditam que, com uma forte manifestação em favor de Jair Bolsonaro (PL), no próximo domingo (25), o clima no país poderia mudar e outros deputados enxergariam a chance de tirar Lula de uma vez por todas do cenário político-eleitoral.
É aí que aparece o segundo impedimento. Segundo um parlamentar filiado a um partido da base governista, ainda que o pedido de impeachment seja recheado de assinaturas e, inclusive com nomes de organizações da sociedade civil, o documento tem um só lugar para ir: a gaveta.
Isso porque já existe um acordo entre o governo federal e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), para que nenhum pedido de impeachment seja levado ao plenário. É prerrogativa exclusiva do cargo decidir se dá prosseguimento ou não a um pedido de impedimento contra o presidente. Lira tem pessoas de sua confiança aos montes no segundo e terceiro escalão da administração e bom trânsito com Lula, portanto não existe chance dele prosseguir com o pedido.
Além de tudo, existe outro fator que não pode e não está sendo ignorado pela classe política. O vice-presidente. Normalmente, um presidente é impichado com apoio e até articulação do vice, mas este não é o caso. Consultado, mais de uma vez, sobre o tema, Geraldo Alckmin (PSB) tem sido taxativo em dizer que apoia Lula e que não irá fazer parte de um levante contra ele.