Lula pede a aliados paciência com Arthur Lira

Presidente da República quer evitar um conflito entre os poderes

Foto: Reprodução
Lula ao lado de Arthur Lira


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) virou uma espécie de bombeiro desde a tarde da última segunda-feira (5). Ele está tentando conter os ânimos de seus mais fieis parlamentares para impedir uma crise institucional envolvendo o governo e o Poder Legislativo, após o forte discurso de Arthur Lira (PP-AL), com críticas contundentes, durante o retorno dos trabalhos a Câmara.

Logos após o presidente da Câmara mandar inúmeras indiretas e até acusar a atual gestão de inércia, nas redes sociais a reação foi imediata. Influenciadores e blogs ligados ao PT iniciaram uma onda de críticas contra Lira, inclusive ligando-o ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ).

Parlamentares ligados ao PT também criticaram o discurso, principalmente em troca de mensagens com membros do governo.

O Último Segundo apurou que, poucos minutos após Lira tecer críticas, alguns deputados do PT e da base aliada discutiam uma forma de repudiar e desmentir tudo o que foi dito. Um parlamentar muito próximo de Lula entrou em contato com o presidente, que precisou articular para evitar que o problema aumentasse.

Para Lula, a posição de Lira é apenas um meio do presidente da Câmara se posicionar para não receber pressão da oposição, que ajudou a elegê-lo. O presidente lembrou que sempre teve ótima relação com o parlamentar e que não via sentido entrar num conflito direto entre os poderes, já que frisou ao final de 2023 que foi um ano de harmonia.

Lula orientou seus deputados que evitassem críticas contundentes ao discurso e praticamente proibiu que sua base aliada ressuscitasse denúncias de corrupção. "Lira é aliado", teria afirmado o presidente, conforme confirmou uma fonte da reportagem.

Embora o governo federal entenda que seja necessário negociar com a Câmara e nunca se furtou disso, parte dos deputados está insatisfeita por considerar que, tanto Arthur Lira quanto o Centrão querem sequestrar a administração, assim como fez com Jair Bolsonaro. Isso, porém, é considerado fora de cogitação por membros do governo ouvidos pelo Último Segundo.


Para eles, Lula é um habilidoso político que sabe lidar com reveses deste tipo. Ainda assim, dentro do governo também há quem considere que é preciso cortar as asas do presidente da Câmara. "Para tudo o seu momento", é a resposta que ouviram de Lula