Os nomes de Paulo Gustavo Gonet Branco e Antonio Carlos Bigonha emergem como os favoritos para assumir o cargo de Procurador-Geral da República (PGR), contudo, a preferência de Luiz Inácio Lula da Silva por Gonet tem causado descontentamento dentro do PT.
Gonet, apoiado pelos ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, teve uma conversa com o presidente Lula em setembro. No entanto, essa interação não foi totalmente convincente, assim como o caso de Bigonha.
Lula, então, buscou ouvir Carlos Frederico, Aurélio Rios e Luiz Augusto Santos, indicando que a escolha de um dos três seria improvável, mantendo a tendência entre Gonet ou Bigonha.
A PGR interina, Elizeta Ramos, tentou se efetivar no cargo ao defender temas relacionados à democracia. No entanto, sua vinculação com a Lava Jato reduziu suas chances de ocupar oficialmente a posição.
Após meses de expectativa, Lula sinalizou aos aliados que pretende indicar Gonet, causando desconforto no PT, que preferiria Bigonha.
Importantes lideranças do partido argumentam que a escolha de Gonet resultaria em um significativo aumento de poder para Mendes e Moraes.
Além disso, destacam que seria uma premiação a um "rival" de Gleisi Hoffmann, atual presidente nacional do PT. No passado, Gonet chegou a defender uma investigação contra a presidente do partido.
Embora Lula ainda não tenha comunicado oficialmente quando fará a indicação, aliados acreditam que a decisão ocorrerá antes do final do ano.
A Procuradoria-Geral da República foi chefiada por Augusto Aras até setembro de 2023. Aras, que tentou ser reconduzido ao cargo, enfrentou rejeição do PT devido à percepção de que defendeu muitas ações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ), especialmente durante a pandemia.
Veja a trajetória dos dois favoritos ao cargo:
Paulo Gustavo Gonet Branco
Nascido no Rio de Janeiro, Gonet, com 62 anos, ingressou no Ministério Público Federal (MPF) em 1987 e se tornou subprocurador-geral em julho de 2021, atuando no Ministério Público Eleitoral. Ele é formado em Direito, com mestrado em Direitos Humanos e doutorado em Direito, Estado e Constituição. Além disso, é professor universitário e mantém proximidade com figuras importantes do Supremo Tribunal Federal, como Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. Gonet é conhecido por sua discrição e tendências conservadoras, tendo assinado um parecer favorável à inelegibilidade do ex-presidente Bolsonaro em uma ação relacionada a abuso de poder e uso irregular de meios de comunicação.
Antonio Carlos Bigonha
Natural de Ubá (MG), Bigonha é formado em Direito desde 1987 e tem uma carreira no MPF que começou em 1992. Ele também foi presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República de 2007 a 2011 e possui um perfil progressista. Bigonha tem experiência notável no setor ambiental e tem sido um crítico da atuação de procuradores na Operação Lava Jato.