A pressão por uma reforma ministerial no Palácio do Planalto aumenta a cada dia a dor de cabeça do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas o petista tem feito esforço e já enviou recados de que não abandonará seus principais ministros. Fontes revelaram ao iG que os chefes das principais pastas se manterão nos braços do governo sem intromissão dos partidos.
Entre eles está Flávio Dino, da Justiça, visto pelo Planalto como um dos maiores destaques do governo. Para a cúpula petista, Dino tem se portado bem diante de pressões dos congressistas, principalmente após ser convocado para comissões na Câmara dos Deputados e no Senado. Ele ainda é considerado um aliado de primeira ordem, que não compromete os trabalhos de Lula.
Outro que tem garantia de manutenção no cargo é Fernando Haddad, da Fazenda. Na avaliação governo, Haddad é a grata surpresa do Planalto e tem feito um trabalho de aproximação com o mercado financeiro para recuperar a credibilidade de Lula na economia, o que impede sua saída do governo.
Além deles, Simone Tebet, Camilo Santana e Aniele Franco também são bem-vistos pelo Planalto e vão continuar no governo. Geraldo Alckmin é outro que, também, deve se manter no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
Quem está com malas prontas para desembarcar do Planalto é a ministra do Turismo, Daniela Carneiro. Após as polêmicas sobre o comando do União Brasil no Rio de Janeiro, ela foi ‘fritada’ pelo partido, que pede a saída dela para se alinhar com o governo Lula.
Para o lugar dela, o deputado Celso Sabino (União Brasil-PA) está cotado. Ele é visto como uma peça mais alinhada com a cúpula da legenda, o que facilitaria as negociações entre União Brasil e Lula.
Juscelino Filho, das Comunicações, também deve deixar a pasta. As polêmicas em que ele se envolveu causaram forte desconforto ao Planalto e o partido dele, o União Brasil, não vê o ministro como um aliado que faça o governo ter força junto aos congressistas.
Rui Costa deve se manter, Padilha é incógnita
Lula tem ignorado as pressões que tem recebido e deve manter o ministro da Casa Civil, Rui Costa, no Palácio do Planalto. Na visão do petista, Costa é aliado de primeira ordem e não seria justo uma demissão dele.
Rui Costa tem sido duramente criticado pelo Centrão pela falta de articulação e as tentativas de ‘proteger’ Lula dos congressistas. O ministro tem impedido algumas agendas dos parlamentares com o presidente da República, o que incomoda, principalmente, a Câmara dos Deputados.
Já o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, pode deixar a pasta, mas não o governo. Lula estuda a possibilidade de o colocar em outro ministério, mas não há martelo batido.
Padilha é outro pressionado pelos congressistas, que acusam o ministro de não cumprir com as promessas em troca de apoio no Congresso Nacional. Eles ainda alertam o governo sobre a dificuldade que o ministro tem em atrair outros partidos para o Planalto, como o Republicanos e o Progressistas.
Nísia Trindade
Nos bastidores, há informações de que parte da cúpula do Centrão tem forte interesse no Ministério da Saúde. Entretanto, Lula quer barrar a ideia. A informação foi divulgada inicialmente pelo jornalista Valdo Cruz, da GloboNews , e confirmada pelo iG com fontes próximas do Planalto.
Interlocutores informaram que Lula gosta do trabalho de Nísia e vê ela como um potencial para alavancar problemas na imagem da pasta provocadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). O petista, então, deve negociar com os partidos para remanejar as vagas na Saúde para o segundo escalão.
Em conversas com o iG, congressistas informaram que podem até aceitar os cargos, mas dependerá, também, das trocas na articulação política. A recusa, segundo as fontes, poderá acontecer caso Lula insista em Padilha ou em outro nome do PT na articulação com o Congresso.