Governo Lula usa Eduardo Bolsonaro para ganhar deputados do PL

Governo negocia para ter parlamentares do Centrão na sua base

Presidente Lula ao lado de outros petistas
Foto: Lula Marques/Agência Brasil - 13.02.23
Presidente Lula ao lado de outros petistas


O governo Lula tenta ampliar sua base no Congresso Nacional e tem articulado para conquistar o apoio de uma ala de deputados do PL . A base da gestão petista tem usado o deputado federal Eduardo Bolsonaro para convencer parlamentares do Partido Liberal que o melhor caminho é votar em projetos da União.

O PL se dividiu em dois grupos: o Centrão, que é base de qualquer governo, e o bolsonarismo, que garante ser oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelos próximos quatro anos. Valdemar Costa Neto, presidente da legenda, tenta se equilibrar entre as duas alas.

Atualmente, os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) são os que possuem maior força com Valdemar. Não por acaso, eles ocuparam lideranças no Congresso e o PL Mulher foi parar nas mãos de Michelle Bolsonaro. Só que o Centrão não tem gostado da postura da sigla.

A explicação dos parlamentares de Centro é que suas bases só são fortes por causa das emendas. Ao fazer oposição, Lula dificultará a liberação de recursos para eles. Por isso há uma corrente que defende o PL na base governista, postura que sempre foi adotada pela legenda, ou dar independência para que cada parlamentar vote conforme seus próprios interesses.

É neste ponto que o PT tem se aproveitado. Membros do governo estão usando o poder de Eduardo Bolsonaro nas articulações dentro do Congresso para atrair o Centrão do Partido Liberal para apoiar o governo Lula.

O argumento usado pelos lulistas é que Eduardo e seus aliados não precisam de emendas, porque possuem popularidade nas redes sociais. “Só que o Brasil é grande. As reclamações para muitos deputados saem das ruas e das lideranças dos seus redutos. Deixar de entregar obras é algo que pode abalar a votação deles nas próximas eleições”, afirmou um interlocutor de Lula.

Eduardo Bolsonaro x Centrão

Eduardo recebeu a missão de manter uma forte base bolsonarista na Câmara, enquanto Flávio ficou responsável pelo Senado. O senador é visto com um perfil mais político, ou seja, possui maior facilidade para dialogar com o próprio Centrão.

Já Eduardo é tratado com menor credibilidade em relação ao irmão e, até o momento, só conseguiu o apoio dos bolsonaristas mais radicais. Inclusive, sua força diminuiu nos últimos dias, porque  Michelle Bolsonaro criou seu próprio grupo e atraiu para o seu lado a deputada federal Bia Kicis.

Para quem não sabe, a esposa do ex-presidente não possui boa relação com Eduardo, Carlos e Renan. O aumento de poder da ex-primeira-dama dentro do PL tem incomodado os três herdeiros do capitão da reserva.

O governo Lula também tem usado a fragilidade de negociação de Eduardo para convencer membros do PL a estarem na base governista. Aliás, muitos receberam conselhos para saírem da legenda e migrarem para outras agremiações, como União Brasil, PSD e até mesmo o PP, de Arthur Lira.


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