Valdemar Costa Neto já tinha estudado passo a passo do que falaria para a Polícia Federal no seu depoimento. Ele explicaria suas falas e tentaria tirar o ex-presidente Jair Bolsonaro ( PL
) de qualquer participação na minuta de golpe encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres. Só que a denúncia de Marcos do Val caiu como uma bomba no Partido Liberal.
Desde a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), iniciou-se uma discussão no PL qual caminho seguir: do bolsonarismo ou de participar da base governista? Valdemar optou pela primeira opção. A avaliação da direção é que a sigla teria força suficiente para ser oposição ao PT, eleger um número expressivo de prefeitos e voltar ao poder do governo federal em 2026 com o ex-presidente da República.
No entanto, os atos golpistas praticados por bolsonaristas desde o dia 30 de outubro do ano passado dificultaram os planos da legenda. O ministro do STF Alexandre de Moraes multou a agremiação em R$ 22 milhões por causa do pedido com pouco embasamento de anulação de votos de milhares de urnas eletrônicas.
O ato terrorista de 8 de janeiro em Brasília piorou a situação da sigla e também de Bolsonaro. Internamente, uma ala já discutia o possível surgimento de um novo líder para ficar à frente da oposição. Valdemar sempre bancou o ex-presidente e evidenciou que não permitiria que uma nova liderança surgisse no PL.
Só que as investigações complicam a cada dia a situação do capitão da reserva que não sabe se volta para o Brasil ou segue nos Estados Unidos. Mesmo recebendo garantias de que não será preso, o ex-presidente confessa faltar confiança em seus aliados.
A denúncia de Marcos do Val aumentou o temor de Bolsonaro retornar ao país. Ao conversar com poucos aliados, ele seguiu demonstrando dúvida se deixa os Estados Unidos.
A grande questão para ele é a saúde. Se ficar em Orlando, sua situação física pode piorar. Se vier para o Brasil, corre risco de algum ministro do STF determinar sua prisão preventiva.
PL não sabe o que fazer
A denúncia do senador pegou todos de surpresa. A sigla não imaginava que o parlamentar contaria para a imprensa a reunião que ele teve com Bolsonaro e com o ex-deputado federal Daniel Silveira.
As principais lideranças do PL já se reuniram e começaram a discutir a possibilidade de isolar os bolsonaristas, levando o partido para o centro novamente.
Só que os parlamentares fiéis ao ex-presidente possuem cargos importantes no Congresso Nacional, além de ter uma grande quantidade de apoiadores.
O futuro do PL está nas mãos de Valdemar. Até o momento, ele não dá indício de que abandonará Bolsonaro.
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