Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi diplomado presidente da República nesta segunda-feira (12) e deixou o discurso “povão” de lado para sinalizar uma boa relação com o Judiciário e o Legislativo.
Durante as eleições 2022, o petista se colocou como guardião da democracia e que era o único nome capaz de restabelecer a boa relação entre os poderes, sendo um contraponto ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Porém, seu maior trunfo no palanque foi sua relação com os mais pobres.
Lula relembrou diversas vezes que “quer cuidar do povo” como fez nos seus dois primeiros mandatos (2003-2010). A frase que os mais pobres voltarão a comer “picanha e tomar a cervejinha” ganhou força entre os eleitores do futuro chefe do executivo federal.
Eleito, o petista seguiu direcionando suas falas aos mais necessitados, o que gerou críticas, principalmente do mercado financeiro e economistas. A avaliação é que o presidente eleito continuava no modo “candidato” e pouco direcionava seu discurso para outras categorias da sociedade.
Só que, desta vez, essa crítica não poderá ser feita contra ele. Lula usou seu discurso na diplomação para dialogar com os outros dois poderes. Quem acompanhou a declaração, percebeu que o clima era de harmonia.
O caminho escolhido pelo petista foi para decretar definitivamente que ele venceu as eleições. Mas que um dos seus objetivos é unir o Brasil, governando para todos e não apenas para os 60 milhões que resolveram votar nele.
O discurso de Lula reforçou que a esmagadora maioria do povo brasileiro deseja que o processo eleitoral seja respeitado e os que participam de atos antidemocráticos são uma minoria barulhenta. Ele trabalhará para que a democracia prevaleça e quer ter o apoio do Judiciário e Legislativo.
Alexandre de Moraes foi mais enfático
Lula falou sobre democracia e chorou ao relembrar dos processos que enfrentou, no qual ele sempre se refere como “perseguição” do ex-juiz Sergio Moro (União Brasil) e de membros da Operação Lava Jato. No entanto, seu tom foi ameno.
Alexandre de Moraes já optou por ser mais duro. Deixou claro que vai investigar e punir quem agiu contra a democracia e as instituições. “[...] garanto, serão responsabilizados, para que isso não retorne nas próximas eleições”, resumiu o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O recado foi muito claro. O Planalto, nas mãos de Lula, dará todo o apoio para que o ministro consiga prender todos aqueles que tentam prejudicar a democracia.
Lula e o 1° de janeiro
O discurso de Lula feito nesta segunda será diferente do que ele adotará na posse. O evento do dia 1° de janeiro será televisionado por quase todos os canais abertos, o que atingirá quase todos os brasileiros, diferentemente do que ocorreu hoje.
Se nesta segunda o petista optou por sinalizar ao Judiciário e Legislativo, daqui 20 dias ele voltará a falar com os mais pobres.
Lula não será um presidente de discurso único. Isso foi comprovado hoje.
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