O poder pessoal é, na verdade, o único poder que importa
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O poder pessoal é, na verdade, o único poder que importa

Acabo de desligar uma chamada de uma hora e quatro minutos com a minha melhor amiga. Maria Thereza e eu estamos próximos de comemorar uma década de amizade e ligações assim são recorrentes.

Chamamos nossa amizade de improvável. Temos 39 anos de diferença. Ela é ateia, eu sou cristão. Isso sem falar na experiência de vida, origens, etc. Já nos tiveram como parentes e até namorados antes de sermos vistos como amigos.

Percebemos ao longo do tempo que, além da identificação, o que nos une é o fato de não disputarmos, não rivalizarmos em nenhum âmbito da vida.

Feita essa introdução, falávamos sobre o deslumbre que o poder pode provocar em qualquer ser humano afeito às seduções frívolas, aquelas ligadas ao nosso ego.

Porém, num momento em que a guerra volta à tona, a democracia retrocede em várias nações e o preço dos alimentos é o mais caro dos últimos 61 anos, precisamos reconhecer: falhamos como humanidade.

Os conceitos de humanismo e cidadania, idealizados por tantos de nós, não se concretizaram e as pessoas não estão conseguindo renegociar nosso contrato social.

Tal discussão não é fácil. Para pauta-la é preciso credibilidade e disposição, coisa que muitas das nossas instituições não têm demonstrado.

Logo, não há um outro caminho para a transformação da realidade senão a propagação da mensagem do único poder que importa: o poder pessoal.

Favor não confundir essa força com uma postura individualista na vida. É apenas a compreensão dos seus deveres e seus direitos na nossa sociedade. Assim, será mais fácil entender suas capacidades, suas fraquezas, seu ponto de partida na vida.

Saber quanta energia que você precisa para realizar seus objetivos e encontrar os meios certos de obtê-la. Esse é o poder pessoal.

E convenhamos… Isso não é possível sem exercermos a cidadania, sem cumprirmos as cláusulas do nosso contrato social.

Proponho, então, que possamos ressignificar o desgastado termo “cidadão de bem”. O adjetivo não se faz necessário quando compreedemos verdadeiramente o que é ser cidadão.

É não revestir-se de ignorância ou hipocrisia, não pautar-se pelos frágeis discursos moralistas que ainda inundam a nossa política. É assumir-se humano e responsável por tudo que vivemos.

É ter consciência do seu papel no mundo.

É ver que somos retalhos de uma colcha muito maior.

Um abraço especial ao desembargador Luiz Eduardo de Souza, que muito me inspirou, dias atrás, com seu discurso de despedida da Corregedoria do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás.

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