João Carlos Silva

O clima, os Correios e o vento

Um retrato da crise que ameaça uma das instituições mais tradicionais do país

Estrutura dos Correios será montada no Parque da Cidade durante a COP30, em Belém
Foto: Correios/Reprodução
Estrutura dos Correios será montada no Parque da Cidade durante a COP30, em Belém

Ultimamente somos pegos por notícias de avalanche tripla. Sem nos esquecermos do INSS e do Master, os Correios estão em alta — alta crise com baixa no caixa. São bilhões que podem salvar uma instituição séria e necessária.

Em qualquer rincão do Brasil, lá está uma agência dos Correios. Ou estava. O volume da crise financeira pela qual os Correios atravessam é imenso. E olhem que esse caixa já esteve derramando dinheiro anos atrás.

Me lembro da eficiente gestão de João Henrique de Almeida Sousa na Presidência dos Correios. Era um político no cargo de gestão e deu conta do recado sem traumas. Fez dos Correios uma engrenagem de eficiência para seus usuários. Havia volume em cargas, malotes e correspondências. Os recursos eram aplicados na modernização da máquina e no pessoal. Os números da época falam por si só.

Se eficiência gera lucro, o que houve com essa máquina? Não dá para entender. De uma hora para outra, uma conta impagável é apresentada. Qualquer outra empresa, numa situação dessas, já teria declarado falência. Sobrou para o corte de pessoal.

É verdade que tecnologia e compras on-line, com serviços de entregas, ajudaram nessa crise toda. O modelo europeu deveria ser aplicado aos Correios do Brasil. O sistema funciona com pouca mão de obra e dá resultados ao usuário muito rapidamente. Aqui, infinitos problemas com versatilidade de menos.

Era hora de pensar em como será o amanhã. Preparar para enxugar essa dívida absurda sem prejuízo aos seus funcionários. Com toda certeza João Henrique tem essa receita. Como ele já se inspirou na tecnologia, assiste com tristeza a toda essa lambança em que vive uma instituição que sempre foi referência no Brasil.

Gestores eficientes estiveram na direção do órgão. Alguns tropeçaram e não se levantaram. Outros não tropeçaram. Levantaram os Correios como um modelo nacional.

O clima não está bom por lá. Os ventos sopram tão fortes que a estrutura do telhado saiu voando. Agora é se proteger dos pingos e rezar para que os ventos não levem o que ainda resta dos Correios e Telégrafos do Brasil.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG