Mulheres revolucionam o franchising: veja como!

Pesquisa da ABF mostra avanço em liderança e empreendedorismo feminino

Em quase 10 anos, a presença das mulheres nas redes franqueadoras saltou de 46% para 57%
Foto: Foto: Pixabay
Em quase 10 anos, a presença das mulheres nas redes franqueadoras saltou de 46% para 57%

No Dia do Empreendedorismo Feminino, celebrado hoje (19), o franchising brasileiro revela uma face que há anos se fortalece, mas agora se consolida como protagonista da expansão do setor. Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) mostram que as mulheres não apenas avançaram em participação numérica, mas também elevaram sua influência em cargos estratégicos e na condução de unidades franqueadas por todo o País.

Em um setor no qual o faturamento cresceu 14,2% no segundo trimestre deste ano (R$ 69,9 bilhões), que ultrapassa 200 mil operações em funcionamento e emprega 1,7 milhão de pessoas, o avanço feminino não é apenas resultado de inclusão: é força motriz de desempenho, inovação e liderança.

Elas já são maioria — e lideram mais

Em quase uma década, a presença das mulheres nas r edes franqueadoras saltou de 46% para 57%, aponta levantamento ABF . A atuação delas em posições de liderança também deu um salto expressivo: de 19% para 29% no mesmo período.

Nas operações franqueadas, o movimento é semelhante. As mulheres agora representam 51% da força de trabalho e 3 em cada 10 operações são comandadas por mulheres (32,2%).

Essa virada não é casual. É resultado de uma combinação de fatores sociais, tecnológicos e corporativos.

Cristina Franco, presidente do Conselho da ABF
Foto: Foto: Divulgação/Assessoria de Comunicação
Cristina Franco, presidente do Conselho da ABF

Em entrevista exclusiva à coluna Ideia e Meio, Cristina Franco, presidente do Conselho da ABF, explica que movimento é estrutural e contínuo. Segundo ela, o cenário é resultado de múltiplos fatores, entre eles a democratização do acesso à formação profissional e o impacto da tecnologia na qualificação. “O avanço contínuo da tecnologia tem sido um grande facilitador e tem permitido que as mulheres acessem informações e recursos educacionais de forma mais ampla, o que as capacita para o empreendedorismo e a gestão de negócios”, revela.

Cristina também aponta o fortalecimento das redes de apoio e das mentorias específicas para o público feminino como ponto de virada. Além disso, lembra que transformações nas famílias desempenham um papel importante: “Não podemos ignorar as mudanças nas dinâmicas familiares. A maior participação dos pais nas tarefas domésticas e no cuidado com os filhos tem proporcionado às mulheres mais tempo e flexibilidade para buscar oportunidades de empreender e trabalhar”, explica a presidente do Conselho da ABF, que complementa: “Paralelamente, as próprias empresas têm demonstrado um engajamento mais efetivo na promoção da diversidade e inclusão em seus quadros. Tem criado um ambiente mais acolhedor e propício para o sucesso feminino no franchising”.

Liderança: estilo, impacto e resultados

A presidente descreve um padrão recorrente entre as líderes do franchising. “O que observamos é que as mulheres trazem uma abordagem de liderança bastante distintiva e eficaz. Essa liderança é frequentemente marcada por habilidades interpessoais mais desenvolvidas, o que se traduz em um estilo de gestão que prioriza a colaboração e uma comunicação mais assertiva, profundamente calcada na empatia.”

Características que impactam diretamente o clima organizacional e a saúde das equipes. “Essas líderes tendem a adotar comportamentos mais inclusivos e participativos. O foco delas está consistentemente no desenvolvimento integral de suas equipes e elas trabalham ativamente para promover um ambiente corporativo positivo, no qual o bem-estar dos colaboradores é uma prioridade estratégica”, afirma.

A visão de longo prazo também é destacada como marca registrada das líderes mulheres, que demonstram capacidade superior de planejar e executar estratégias com maior facilidade, o que é crucial para a sustentabilidade e o crescimento das unidades franqueadas.


Por que as mulheres têm buscado mais o modelo de franquias?

Com mais de 10,35 milhões de mulheres empreendendo no Brasil, segunda informações do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Cristina Franco diz que o franchising se tornou um caminho natural para quem busca segurança e estrutura.

“O setor de franchising tem algumas características que atraem as empreendedoras. Entre elas está o empreendedorismo assistido. Isto porque trata-se de um modelo já testado. Além disso, os empreendedores recebem suporte contínuo da franqueadora e usufruem de uma estrutura padronizada que visa reduzir riscos e custos”, explica.

Para muitas mulheres essa estrutura é decisiva, uma vez que quem decide abrir uma franquia pode se concentrar em operar a unidade, aproveitar o reconhecimento da marca e o know-how já estabelecido, ao mesmo tempo que há uma flexibilidade de adaptar algumas ações ao mercado local.

Além disso, o pilar de educação da ABF contribui diretamente para a formação de novas empreendedoras. “Mantemos cursos e trilhas destinadas a ampliar o conhecimento de quem pretende empreender ou de quem já empreende”, comenta Cristina.

Ainda que o avanço das mulheres se espalhe por todo o setor de franquias, segmentos como saúde, beleza e bem-estar, moda, educação e alimentação concentram a maior expansão.

O que esperar dos próximos anos?

Para os próximos anos, Cristina prevê continuidade desse crescimento. “Este movimento tende a continuar, tanto por questões sociais, como pelo maior desejo dos brasileiros por empreender e pelas contribuições que as empreendedoras já trazem aos negócios”, afirma.

O avanço das mulheres no franchising revela não só mudanças no mercado de trabalho, mas profundas transformações de comportamento, consumo e tomada de decisão. Em um cenário no qual branding, experiência e capilaridade são fundamentais, ter mais mulheres à frente das unidades e redes significa trazer novas leituras de público, gestão e relacionamento.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG