Janja Lula da Silva, primeira-dama do Brasil
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Janja Lula da Silva, primeira-dama do Brasil

De uma maneira geral, uma pessoa desconhecida se torna pública e conhecida de duas possíveis formas: por seu trabalho ou atuação social , ou por circunstâncias ou condições, às vezes até alheias à sua vontade.

A primeira dama, Rosângela Lula da Silva, mais conhecida por seu apelido de Janja, está no segundo grupo acima mencionado. Antes de se casar com Lula, não era uma pessoa pública, conhecida, muito menos famosa. Até aí, tudo bem.

Ocorre que primeiras-damas tem perfis muito claros: são discretas, conquanto possam ser atuantes. Ruth Cardoso, falecida esposa de FHC, era antropóloga, professora universitária e, como primeira-dama, criou o "Comunidade Solidária". Marisa Letícia, Marcela Temer e mesmo Michele Bolsonaro, tinham uma atuação bem mais contida.

Janja, porém, é bastante atuante. Mas ela parece querer inaugurar algo inédito: a primeira-dama que exerce essa função como se fosse um cargo público, mas principalmente político, envolvendo-se em nomeações de ministros, secretários e outras questões. Age à larga neste campo, obviamente com a concordância, ou tolerância, do marido.

Janja chegou a declarar ser "articuladora do governo". Contudo, um articulador político sabe ou deve saber a hora de falar e de calar, de avançar e de recuar, de buscar os holofotes e também de afastar-se deles. Janja, contudo, parece estar em modo "influencer" o tempo todo. Opina sobre tudo e a todo momento, dá declarações polêmicas, o que, claro, traz problemas para ela e para o governo.

O episódio envolvendo Lula e Xi Jin Ping mostra bem que há coisas possíveis de serem feitas, mas inadequadas. "Aproveitar" um encontro formal de dois chefes de Estado para inserir um assunto de ocasião, não é adequado. Para ninguém. Nem para uma primeira-dama. Claramente não é. E ser criticada por sua atuação no caso em questão também não torna Janja vítima de machismo ou misoginia, afinal, se ela está na posição de articuladora -- como ela mesma defende -- poderá ser eventualmente criticada, sem que isso tenha a ver com sua condição de mulher.

Janja é neófita em política e estar casada com um experimentado político não gera uma transferência automática de conhecimento dele para ela. A primeira-dama precisa usar sua sensibilidade feminina para ter uma atuação política de fato relevante, e não ficar conhecida apenas por polêmicas que não ajudam nem a ela e nem ao governo de seu marido.

Apesar de toda a volúpia de suas declarações, Janja, ao menos até agora, mostra que não "manja" muito de bem desempenhar a função que ocupa. Mais ações efetivas, mais discrição e menos busca de impacto midiático, eis a receita para uma boa atuação da primeira-dama, aliás, de qualquer primeira-dama.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG

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