Antonio Minhoto

Liberdade de expressão e o papel das redes sociais

O ambiente virtual próprio das redes sociais é neutro em termos de tendências, sendo moldado pelo homem


As redes sociais estimulam a agressividade, a ofensa, a mentira, ou o homem sempre foi atraído por tudo isso
Foto: Reprodução / Flipar
As redes sociais estimulam a agressividade, a ofensa, a mentira, ou o homem sempre foi atraído por tudo isso


As redes sociais são a grande “sala de estar” da sociedade, ou mesmo uma grande ágora, a praça de debates dos antigos gregos. Um espaço de compartilhamento de quase tudo, opiniões , experiências, debates, informação , entretenimento, jogos, comércio etc.

 Alexandre de Moraes, ministro do STF, afirmou num evento que “ as redes sociais foram criadas para combater regimes que não tinham liberdade de expressão ”. Será que é isso mesmo?

 As redes sociais são um fenômeno recente. Todas surgiram a partir dos anos 1990. Aceita-se que a primeira rede social, Classmates , tenha surgido nos EUA e Canadá em 1995. Seu objetivo era conectar estudantes da faculdade. O Twitter , atual “X”, foi criado em 2006 e sua pretensão era ser uma espécie de “ SMS da internet ”, com comunicação rápida por meio de textos curtos.

 A mais famosa e popular rede social, Facebook , foi criada em 2004 também por um grupo de estudantes de Harvard e visava configurar um espaço no qual as pessoas pudessem encontrar umas às outras, dividindo opiniões e fotografias. O Instagram , criado em 2009, busca compartilhar fotos e pequenos vídeos, integrando seus usuários. Desse modo, nunca foi objetivo de nenhuma rede social “ combater regimes que não tinham liberdade de expressão ”.

 Uma questão posta sobre as redes sociais se volta a outro aspecto: essas redes “criaram” um novo homem ou simplesmente o revelaram tal qual é? As redes sociais estimulam a agressividade, a ofensa, a mentira, ou o homem sempre foi atraído por tudo isso, sempre manifestou tudo isso, e agora, esses aspectos todos estão apenas mais visíveis?

 Sobre esses pontos, psicóloga norte-americana Pamela Rutledge, estudiosa do assunto, em entrevista à BBC de 2015, trouxe algumas conclusões interessantes: a. as pessoas são as mesmas em ambiente físico ou virtual; b. a agressividade na internet (redes sociais de modo especial), se associa à impotência, frustração e necessidade de se impor sobre outras pessoas e; c. o extremismo ideológico não é novo, a internet só o amplificou. 

Ao lado desse mau uso e da agressividade observada, há também, claro, um uso positivo e criativo desse ambiente, o que nos leva a uma conclusão: o ambiente virtual próprio das redes sociais é neutro em termos de tendências, sendo moldado pelo homem segundo seus valores e interesses.

E muito de sua atração reside no fato de ser um ambiente livre de regras rígidas, formais, muito embora esteja submetido, claro, a um sistema legal, como qualquer outra atividade. Neste sentido, falar em auto-regulação desse ambiente pode ser algo interessante e até necessário. Já uma regulação externa, num sentido formal e jurídico, pode trazer diversos problemas, de modo destacado a colocação da liberdade de expressão e da criatividade em risco.

 Para quem quiser acessar mais material meu e de outros pesquisadores, deixo aqui o link do Instituto Convicção , do qual faço parte.