O transporte é a força vital das cidades, de casa para o trabalho, para a escola, academia, shopping... Todo esse movimento é o que abastece a nossa vida cotidiana e, à medida que as cidades crescem, a população exige que todo o entorno relacionado aos meios de transporte seja aperfeiçoado.
Imagine você que, em 1988 na cidade de São Paulo, uma ciclovia simplesmente desapareceu para dar espaço às obras de um túnel sob a Avenida Juscelino Kubitschek. Naquele tempo, a região não era uma potência econômica e social. Já hoje, “sumir” com uma ciclovia seria impensável.
No Brasil existe pouco mais de 4 mil quilômetros de ciclovias. São Paulo possui quase 700 km, seguido de Brasília, com pouco mais de 600 km. Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador e Curitiba não alcançam 500 km. E outras capitais não chegam nem a 200 km de estruturas exclusivas e/ou segregadas para ciclistas.
Se considerarmos que pelo menos 7% dos brasileiros utilizam bicicletas como principal meio de transporte (dados do IPEA), estamos falando de pelo menos 14 milhões de bikes nas ruas.
Esses são números bastante tímidos quando comparados com a Holanda. Nesse país de área um pouco menor do que o estado do Rio de Janeiro, são 35 mil quilômetros de ciclovias para atender 14 milhões de habitantes que se deslocam diariamente com bicicletas.
Comparações à parte, os números do Brasil tendem a aumentar rapidamente nos próximos anos com os preços das bicicletas comuns e elétricas cada vez mais acessíveis e a oferta de serviços de manutenção e seguro crescendo. Outras questões como saúde, economia, sustentabilidade e estilo de vida também vêm impulsionamento essa nova forma de se movimentar pelas cidades.
E qual a consequência desse aumento exponencial? Trânsito na ciclovia, o que é uma ótima notícia.
Apenas para ilustrar, houve um tempo em que a forma de se movimentar pelas cidades era a cavalo em ruas de terra batida e, então os cavalos caíram em desuso como meio de transporte, foram parar dentro das hípicas e as ruas passaram a ser asfaltadas para atender aos veículos à combustão que estavam chegando. Com as bikes já estamos vivenciando algo parecido, fazendo com que o sistema cicloviário seja considerado em planos diretores das principais capitais brasileiras.
O alto volume de bicicletas vem pressionando não só a ampliação do comprimento da malha cicloviária, mas também a largura, áreas de descanso e estacionamento de bicicletas. Embora aos domingos e feriados observemos ciclofaixas sendo montadas e desmontadas nas avenidas das cidades, quem pedala nos horários de pico durante a semana sabe bem que ainda existe muito a ser feito.
O uso das “magrelas” pode ser ainda mais popular, acessível e inclusivo, para isso é necessário que haja vontade política por mudanças a nível nacional, investimento em infraestrutura, educação, leis protetivas aos ciclistas e, principalmente, incentivo tributário para os fabricantes de bicicletas e para nós cidadãos que trocamos o carro pela bicicleta. Esse é o caminho para a mobilidade urbana sustentável e cidades mais inteligentes.