Daniel Cesar

PF desconfia que Bolsonaro apagou mensagens do celular

Aparelho não teria aplicativos comuns ao ex-presidente

Polícia Federal fez busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 03.05.2023
Polícia Federal fez busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília

Membros da Polícia Federal desconfiam que Jair Bolsonaro (PL) conseguiu apagar aplicativos de mensagens de seu aparelho celular antes de entregar para os agentes que cumpriram mandado de busca e apreensão na residência em que o político mora nesta quarta-feira (03) , Alguns deles, de uso contínuo do líder da extrema-direita no Brasil, não estavam instalados.

Segundo apurou a coluna, que ouviu a declaração de dois agentes, sob a condição de anonimato, o smartphone de Bolsonaro ainda vai passar por perícia. Mas numa análise inicial e superficial, já houve certa estranheza. "Não estavam instalados nem o Telegram e nem o Instagram, dois dos aplicativos que o ex-presidente mais usa", comentou o policial.

Nos bastidores da Polícia Federal, a aposta é de que ele não teve tempo de excluir mensagens específicas, já que ficou quase que o tempo todo acompanhado por um agente desde a entrada dos policiais na casa do ex-presidente. Sem possibilidade de selecionar o que queria excluir, em tese, Bolsonaro teria deletado os aplicativos para impedir que a PF tivesse acesso às mensagens.

Tudo isso ainda é considerado conjectura, já que é necessário aguardar o resultado da perícia. Aliados de Bolsonaro temem que a Polícia Federal encontrem conversas comprometedoras no aparelho e que um tsunami surja nos próximos dias. "Ele fala demais, e isso fica tudo registrado. Vai explodir", contou um deputado federal do PL, sem dar detalhes do que pode vir pela frente.

Especialistas ouvidos pela coluna garantem que, caso o político tenha excluído os aplicativos, não há grande risco porque a PF possui programas modernos que conseguem recuperar não apenas o próprio aplicativo, mas todas as conversas que, supostamente possam ter sido excluídas. Portanto, o ato, caso tenha ocorrido, pode significar apenas uma tentativa de apagar provas, também caracterizado como crime.