A Polícia Federal está investigando se houve participação do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) nos atos terroristas que culminaram na invasão da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Segundo agentes de inteligência da PF há indícios de que funcionários do Gabinete, que é responsável pela Abin (Agência de Inteligência) boicotaram as informações que teriam evitado as invasões.
Uma fonte da Polícia Federal confirmou à coluna que existe a investigação interna, mas que ela está sendo tratada com cautela e discrição para não expor um departamento que é considerado estratégico para o funcionamento do governo e evitar ataques. "Mas há indícios sérios de que houve omissão e participação até de funcionários da GSI".
Segundo a fonte ouvida, agentes da Abin teriam informado a GSI sobre o alto risco de invasão do Palácio do Planalto no domingo (08). O aviso teria sido ao longo da semana e reforçado no último sábado (07). "O GSI deveria ter levado a informação para a PF, para o ministério da Justiça e o ministério da Defesa, mas não fez nada", revela.
O Gabinete de Segurança Institucional ainda vive fase de transição entre o governo de Jair Bolsonaro (PL) e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Muitos funcionários que lá estão são ideologicamente apoiadores de Bolsonaro e se recusaram a transmitir informações de inteligência para seus superiores", diz um parlamentar petista que está acompanhando o caso.
O presidente Lula já teria sido informado sobre as suspeitas da PF e autorizou que investigações sejam feitas e, caso se confirme, punições a funcionários, mesmo os de carreira. Dentro do ministério da Justiça há quem defenda que a Abin seja retirada imediatamente do GSI, assunto que já vinha sendo tratado no período de transição e foi reforçado agora.
Lula ainda não decidiu o que pretende fazer com o Gabinete de Segurança Institucional, mas pessoas ligadas ao presidente afirmam que ele não pretende esvaziar o departamento. "A ideia é renovar o GSI e devolver sua função institucional. Mas isso levará tempo e a democracia não pode esperar", lembrou um deputado aliado do PT.
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