O Republicanos, partido que elegeu o senador Hamilton Mourão e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, sendo a principal base de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), começa a flertar com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A legenda já vem negociando nos bastidores uma forma de fazer a transição suave para compor com o PT.
Uma fonte ligada ao Republicanos confirmou que o partido não está com decisão fechada para ser oposição ao governo Lula. "Há muitos deputados que são oposição e outros que devem votar favoravelmente às pautas do governo", garante. Isso, em tese, colocaria a sigla como independente e não necessariamente como oposição, como é o que articulava Bolsonaro.
Embora todos os ministérios estejam preenchidos, nomes ligados ao Republicanos podem ganhar cargos no segundo escalão do governo Lula, já a partir de março. A falta de membros da legenda como ministros neste momento é bom para os dois lados. Primeiro porque Lula não teria o desgaste de nomear nomes que foram muito ligados a Bolsonaro e nem o partido seria atacado pela onda bolsonarista.
Internamente o PT considera que o Republicanos irá ser base do governo antes do fim do ano. A princípio já estão avançadas as negociações para que os deputados da legenda votem a favor do nome indicado pelo partido de Lula para o comando da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), o que seria um baque para o PL, que também quer a cadeira.
O Republicanos elegeu 41 deputados federais e três senadores, entre eles o ex-vice presidente Hamilton Mourão. Neste momento, cálculos do PT indicam que podem já conseguir cerca de 10 a 15 deputados para votação em favor dos projetos do governo, mas este número deve crescer até o início do segundo semestre.
Outra fonte do PT confessou à coluna que o partido está bem alinhado para compor com a base de Lula. "Na primeira reforma ministerial, o Republicanos certamente vai ganhar um ministério", garante sem dizer quando isso deve ocorrer, já que os ministros acabaram de assumir.
Questionado se a manobra deve colocar Mourão na base de Lula, o deputado do PT tenta não se antecipar. "Quem pode prever o futuro?", diz rindo. Já a respeito de Tarcísio de Freitas, membros da legenda não acreditam que o governador aceitará ser considerado aliado de Lula porque o político quer se viabilizar como candidato a presidente em 2026.
Desde que venceu as eleições, Lula já ampliou sua base com parlamentares do PSD, MDB e União Brasil, ainda que os partidos não estejam 100% a favor do governo. Mesmo dentro do PL de Jair Bolsonaro há quem caminha para apoiar o governo, que deve fazer maioria da Câmara sem grandes dificuldades. Ao menos é o que avaliam os caciques políticos de Brasília.
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