Daniel Cesar

Tebet revela o que quer para aceitar ministério do Planejamento

Algumas mudanças da senadora tem gerado conflitos no Partido dos Trabalhadores por abranger instituições de outras pastas

Senadora pelo Mato Grosso do Sul, Simone Tebet
Foto: Reprodução/redes sociais
Senadora pelo Mato Grosso do Sul, Simone Tebet

A senadora Simone Tebet ( MDB ) avisou aliados que deve aceitar o ministério do Planejamento no governo de Luiz Inácio Lula da Silva ( PT ). Nos bastidores ela está articulando para turbinar a pasta e garantir poderes que não estariam sob seu guarda-chuva, mas que ela exige a mudança antes de ser confirmada para o cargo.

Segundo um parlamentar do MDB , Tebet está negociando com Lula que o ministério do Planejamento passe a ser responsável pelo Banco do Brasil e pela Caixa, dois dos principais bancos públicos do país. Neste momento, segundo o organograma do governo federal, ambos pertencem ao ministério da Fazenda , que ficará a cargo de Fernando Haddad ( PT ).

O Partido dos Trabalhadores resiste à ideia e tem dito ao presidente eleito que o novo conceito pensado pela senadora daria poderes extras a ela e poderia até criar problemas para a Fazenda . "A Tebet quer tirar poderes de Haddad e fazer queda de braço com ele em relação aos rumos da política econômica do país", contou à coluna um assessor da presidenta da legenda, a deputada federal Gleisi Hoffmann.


Nos bastidores de Brasília, no entanto, o que se comenta é que tanto Lula quanto o próprio Haddad não rejeitaram o pedido. Os dois estão analisando como fazer isso sem esvaziar a Fazenda e sem tornar Tebet uma espécie de rival do homem de confiança do presidente eleito. A ideia é que os dois trabalhem juntos e não se tornem inimigos numa disputa de poder pela sucessão em 2026.

Tebet nomeou o presidente do MDB , o deputado federal Baleia Rossi para ficar à frente das negociações. Ela deixou claro que não quer o Planejamento para ser uma espécie de auxiliar de Haddad e sua intenção e revolucionar a pasta. "A senadora quer assumir a vaga para criar um modelo de gastos públicos de qualidade", revelou uma pessoa próxima a ela.

Haddad avisou Lula que não teme a concorrência de Tebet . Para ele, a política econômica e os gastos públicos estarão intrinsecamente ligados ao modelo político que o presidente quer implementar. Na visão dele, nem a senadora e nem ele seriam capazes de dar um cavalo de pau se não for com o aceite do mandatário. Além disso, nos bastidores assessores lembram que o ex-prefeito de São Paulo não é centralizador e sabe lidar com diferentes ao seu redor.

A aposta do momento é que Tebet vai vencer a queda de braço com o PT por ter como seu aliado Fernando Haddad . E há quem defenda que os dois possam protagonizar uma guinada econômica que os transformem automaticamente nos principais sucessores de Lula .