Virou Várzea
Cristiano Beraldo
Virou Várzea

O nível da atuação da cúpula do Executivo Federal em suas relações públicas tem sido o mais baixo da história recente do Brasil. Esta semana o Ministro da Economia Paulo Guedes achou que a Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados era o ambiente adequado para chamar o Ministro Marcos Pontes de “burro”.

Aproveitou também pra descer a borduna no Ministro do Trabalho Onyx Lorenzoni e no Ministro de Desenvolvimento Regional Rogério Marinho, usando-os como exemplos de incompetência na execução do orçamento das suas respectivas pastas. Disse, inclusive, que a prioridade de Onyx é inaugurar campinho de futebol e “distribuir troféu e medalha” para a população.

Isentou-se de responsabilidade quanto à alocação do orçamento, reforçando que isto fica a cargo do Ministro Ciro Nogueira, da Casa Civil, sugerindo aí uma falta de coordenação entre seus pares. E, por fim, disse que às vezes se pergunta o que ainda está fazendo no governo, questionamento que, aliás, um número crescente de brasileiros também se faz todos os dias.

Segundo consta, estas manifestações destemperadas de Paulo Guedes são uma reação ao movimento feito por alguns colegas na semana passada para que o Presidente Jair Bolsonaro o substituísse. Se estivéssemos diante de um governo sério, onde a honra, o respeito e a dignidade fossem valores inegociáveis, certamente Guedes teria levado cartão vermelho. Mas como a Esplanada dos Ministérios se transformou numa grande várzea onde se joga com camisa falsificada do Palmeiras, vale dedo no olho, puxão de cabelo e cotovelada no nariz.

A tão vendida ideia de “mais Brasil e menos Brasília” nunca foi tão inalcançável. Brasília tem funcionado em sua forma mais genuína e perversa, onde os interesses pessoais estão anos-luz à frente dos interesses dos brasileiros. A prioridade do desastroso Paulo Guedes é tão somente permanecer no cargo e, sabendo da dependência mútua entre ele e Bolsonaro, está à vontade para atacar publicamente colegas que foram escolhidos pelo próprio Presidente da República.

E no meio de tudo isso fica aquela incômoda pergunta: com o botijão de gás acima de cem reais, com o litro da gasolina acima de sete reais, com a inflação em seus níveis mais altos das últimas duas décadas e com a taxa de desemprego acima de 13%, como fica a economia? Bom pessoal, aguentem firmes aí que a economia a gente vê depois.

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