Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay

Lula ou Lula

“Atitude é uma pequena coisa que faz uma grande diferença.” Clarice Lispector

 O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay
Foto: Reprodução
O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay

A eleição de amanhã, 30 de outubro, é a mais importante desde a redemocratização. O que se encontra em jogo é um projeto de resgate da cidadania, da civilização e dos valores humanistas em contraponto à barbárie, ao culto à tortura e à morte e ao desprezo pelas pessoas.

Sob o prisma do combate à corrupção, é fácil constatar a diferença entre as duas propostas. O governo Lula deu total autonomia à Polícia Federal e ao Ministério Público, criou o portal da transparência e apoiou todas as investigações com respeito absoluto às instituições, especialmente ao Poder Judiciário. Já o governo Bolsonaro interferiu assumidamente na Polícia Federal, manietou o Ministério Público, impediu várias investigações, inovou ao estabelecer um sigilo de 100 anos em assuntos do interesse público para proteger o Presidente e sua família, atentou contra a independência do STF e do Tribunal Superior Eleitoral e, entre outros escândalos, interferiu na apuração dos esquemas de rachadinha e na compra de 107 imóveis, sendo 51 pagos em dinheiro vivo.

Um ponto crucial em um país tão desigual é comparar o resultado dos dois governos no combate à fome. Tema fundamental e que decide o êxito ou o fracasso de qualquer gestão. Com a implementação da política do governo Lula, o Brasil saiu do mapa da fome da ONU em 2012. Hoje, com Bolsonaro, temos 33 milhões de brasileiros passando fome e 150 milhões em estado de insegurança alimentar, ou seja, que não sabem se irão poder se alimentar ao final do dia.

Também é importante acompanhar a credibilidade do Brasil no exterior. Em um mundo globalizado, o país tem que ser respeitado e admirado para facilitar as relações com os mais diversos países nas áreas mais distintas. Lula foi o mandatário brasileiro que mais fez viagens diplomáticas durante seus mandatos. Na realidade, foi um dos chefes de Estado que mais viajou na história: foi a 80 países, além da Antártida, Palestina e Guiana Francesa, totalizando 139 viagens internacionais. Tratado como celebridade em todos os cantos do mundo. O Presidente Bolsonaro fez 23 viagens internacionais, sendo o principal destino os EUA, na época em que prestava vassalagem ao Trump.

Hoje, o Brasil virou pária internacional, não visita e nem é visitado por quase nenhum chefe de Estado. O Presidente comprou brigas que envergonham o país sendo agressivo e leviano com importantes líderes mundiais. O desastre da política externa do governo atual prejudica as relações econômicas, ameaça acordos multilaterais e faz o Brasil perder recursos milionários. Sem falar que a política ambiental para a floresta amazônica, com a destruição sistemática promovida deliberadamente, nos isolou enormemente.

É interessante notar que a preocupação com a democracia no Brasil fez, nesta reta final, com que vários chefes de Estado, do mundo inteiro, declarassem apoio ao Lula. Isso não é normal, só ocorre por causa da repulsa generalizada a esse Presidente escatológico que governa o Brasil.

Mas, talvez, o que mais impressione é que o culto à violência, a vulgaridade, a banalização da tortura, o ódio às mulheres, aos negros, à comunidade LGBTQIA+ e aos invisíveis sociais fizeram aflorar um brasileiro que terá que ser estudado. Individualista, mesquinho, arrogante e dinheirista, enfim, um brasileiro que se jacta de ser ou fascista, ou que tolera as práticas fascistas. Um outro Brasil. Com a capilaridade da venda de armamentos, temos hoje quase 1 milhão e meio de armas nas mãos de civis. O país se tornou um lugar perigoso e violento. Bolsonaro cumpriu sua promessa de desmantelar todas as conquistas civilizatórias na saúde, na cultura, na educação, e na economia. Um desastre que, mesmo com a derrota da proposta fascista, o país terá muitas dificuldades para voltar a ter uma normalidade democrática.

Ou seja, rigorosamente, não existem duas opções para votar no domingo, salvo se você, eleitor, considerar que existe dúvida entre civilização e barbárie. Vote no Lula para que o Brasil tenha a oportunidade de ser, novamente, um país mais justo, igual e solidário. Vamos dar uma chance às nossas crianças e aos jovens para que eles não cresçam num ambiente tóxico, miliciano e promíscuo. Diga não ao fascismo e ao ódio. Vote com amor pela paz e pela esperança. Vote Lula!

Sempre com nossa Clarice Lispector, “Liberdade é pouco. O que desejo ainda não tem nome.”

Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay