
A COP 30, a ocorrer em Belém no próximo mês de novembro, colocará no holofote global o imenso desafio do papel da produção de alimentos em um mundo em extremo perigo.
A sensação de desespero chega a afetar até os mais otimistas. Está claro que, no que se refere a como plantamos e como consumimos, não há uma bala de prata. Mas certamente a chamada agricultura regenerativa está entre os principais elixires que clamamos como solução para a redução dos impactos ambientais. E seu principal propulsor se chama biotecnologia.
Nesse contexto, o Brasil está muito bem situado no plano internacional. Resiliência talvez seja a palavra que melhor expresse a alma da agricultura regenerativa. Trata-se de um modelo que mostra ao mundo ser possível aplicar práticas ancestrais de cultivo e manejo do solo, de forma natural, aliadas ao conhecimento científico.
Sua amplitude engloba toda a cadeia alimentar, com a missão de cuidar de cinco principais fatores: solo, água, biodiversidade, carbono e socioeconomia.
O solo deve tornar-se mais fértil, saudável e menos dependente dos produtos químicos nocivos à saúde. No caso da água devemos pensar no uso sustentar desse bem promovendo melhor infiltração no solo. No caso da biodiversidade a prioridade são as rotações de culturas e aplicação de espécies com efeitos benéficos para a área plantada.
O carbono deve ser capaz de aumentar a fixação desse elemento no solo tirando-o da atmosfera. Por fim uma socioeconomia que valorize os pequenos produtores, as comunidades rurais e associações cooperativas , em um sistema no qual mais pessoas sejam beneficiadas financeiramente.
Este é um dos desafios prioritários do nosso Governo. O mercado global de agricultura regenerativa cresce, em média, 15% ao ano, devendo elevar o setor a cerca de 24 bilhões de dólares em 2030. Hoje, essa agricultura já engloba aproximadamente 15,5% das áreas plantadas no planeta.
Em Belém, esse tema fundamental será abordado como o único caminho para acelerar a adoção da agricultura regenerativa no mundo por meio da biotecnologia. Ela é o vetor capaz de dar escala a todos esses processos benéficos e sustentáveis na geração de alimentos, fibras e energia — setores em que o Brasil está altamente qualificado.
No nosso caso, a adoção dessa agricultura será fundamental para acelerar o processo de desenvolvimento econômico. A instalação de projetos tecnológicos de biofábricas é algo que precisa ser urgentemente promovido pelo nosso Governo.
Muitas dessas biofábricas já estão estruturadas com laboratórios de última tecnologia e com uso da inteligência artificial, liderando pesquisas inéditas capazes de descobrir novos caminhos como é o caso da Embrapa.
Assim, poderemos impulsionar a nossa agricultura regenerativa nos mais diversos tipos de cultura e de forma economicamente viável. Soluções tecnológicas com base na biotecnologia devem ser apresentadas em Belém para discussão internacional, trazendo inúmeras possibilidades para aumentar a sustentabilidade dos sistemas agrícolas e sua produtividade como enfatizado pelo presidente Lula em seu discurso de posse.