Cesário Melantonio Neto

A bem-amada, a última dama do Brasil

Em tempos de conflitos internacionais graves, este texto proporciona momentos de prazer relaxante e informação pouco conhecida

 A Bem-Amada: Aimée de Heeren, a última dama do Brasil
Foto: Divulgação
A Bem-Amada: Aimée de Heeren, a última dama do Brasil


Recomendo a leitura do livro de Delmo Moreira sobre Aimée de Heeren, a bem-amada, a última dama do Brasil.

Vivendo entre o Brasil, os Estados Unidos e a Europa, Aimée teve sua história entrelaçada com as transformações sociais, políticas e culturais decisivas do século passado.

Delmo Moreira - com rigorosa pesquisa e a prosa leve dos grandes jornalistas - conta, pela primeira vez em livro, a trajetória dessa mulher que foi considerada uma das mais elegantes do mundo.

Amiga de reis, princesas, nobres, armadores, políticos e outros integrantes da alta sociedade, ela exerceu um papel relevante nas artes e na moda - sua coleção de vestidos de grife, como Dior, Balenciaga e Chanel faz parte do acervo do F ashion Institute of Technology, em Nova Iorque - além de ter estampado as colunas sociais do país tanto pelo seu inegável glamour, quanto pelo relacionamento extraconjungal com ninguém menos do que Getúlio Vargas.

Em 1938, recém-chegada à França, depois de deixar o Rio de Janeiro, Aimée Sotto Maior de Sá, era desconhecida na alta sociedade parisiense. No entanto, a beleza esfuziante e o traquejo mundano logo lhe renderam convites para festas, bailes e jantares do grand Monde.

Ela era ex-esposa de Luís Simões Lopes, braço direito de Vargas, com quem ela teve um arriscado caso extraconjungal. Todos na época queriam conhecer esta mulher fascinante que atraia os olhares nos salões da aristocracia e considerada a modelo ideal de Dior, Balenciaga e Chanel.

A Segunda Guerra Mundial a obrigou a deixar a Europa. Instalada nos Estados Unidos, conheceu seu segundo marido Rodman de Heeren, herdeiro de uma vasta fortuna, de quem adotou o sobrenome, celebrizando-o no circuito internacional do glamour.

Nas décadas seguintes, Aimée viajou pelo mundo e viveu entre as residências da família em Paris, Biarritz, Nova Iorque e Palm Beach.

Ao longo de sua vida, ela travou amizade com grandes nomes da cultura e da política. O talhe elegante dela cativava as lentes dos fotógrafos nos eventos mais relevantes da sociedade internacional.

Acumulou uma coleção de vestidos de gala tão importante e representativa da alta costura europeia que, hoje, figura como disse no acervo do F ashion Institute de Nova Iorque. Aimée também exerceu papel importante na formação da coleção do Museu de Arte de São Paulo, fundado por Assis Chateaubriand, que a venerava como uma espécie de semideusa saída de uma tela de Renoir.

Amparado em um trabalho de pesquisa impressionante e entrevistas, Delmo Moreira abre as portas desse mundo para revelar aos leitores deste século uma vida de poder, fascínio, elegância e autonomia no século passado.

Em tempos de conflitos internacionais graves, problemas crescentes no mundo e perspectivas ruins para o futuro, este texto proporciona momentos de prazer relaxante e informação pouco conhecida sobre momentos da história do  Brasil e do mundo pouco conhecidos.