Na sua primeira visita à Europa em cinco anos, o presidente chinês trouxe como agenda de trabalho aprofundar, aparentemente, os laços políticos e econômicos com a União Europeia como forma de contrabalançar as tensas relações entre Pequim e Washington, mas também defender a aliança com a Rússia .
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyden, participou da reunião em Paris com Xi Jinping e Emmanuel Macron , ao contrário de Olavo Scholtz, que declinou do convite alegando compromissos prévios nos países bálticos.
O itinerário da visita chinesa começou na França, apoiadora da Ucrânia, mas que não quer ser vassala dos Estados Unidos , e termina em Belgrado e Budapeste, países próximos de Moscou.
Os contatos se concentraram nas crises internacionais, em especial a guerra na Ucrânia , na situação no Oriente Médio e nas questões comerciais.
Esta visita a Paris marca os 60 anos do estabelecimento de relações diplomáticas entre a França e a China e se segue a uma visita feita pelo presidente Macron a Pequim e Cantão em abril de 2023.
Durante essa visita, Macron apelou a Xi para chamar a Rússia à razão relativamente à Ucrânia e para que todos regressem à mesa de negociações.
Agora, o principal assunto que Macron quis discutir com o seu colega chinês foi, mais uma vez, a invasão da Ucrânia pela Rússia, país com o qual a China já disse ter uma amizade sem limites.
A China não vai mudar de posição com relação à Rússia. Se o lado europeu espera que a China imponha sanções à Rússia ou que se junte aos Estados Unidos e à Europa na imposição de sanções, isso não vai acontecer.
Algo que agrada o líder chinês com relação à França é o fato de Macron defender que a Europa nunca deve ser um vassalo dos Estados Unidos e que a sobrevivência da União Europeia depende da sua autonomia estratégica.
Macron está a tentar trazer uma terceira via para o atual caos global. Ele está a tentar percorrer uma fina linha entre as superpotências.
Tudo depende de vermos até onde irá Xi para agradar Macron. Creio que não foi muito longe, contrariando as expectativas francesas.
A China prefere manter a sua aliança com a Rússia em vez de uma aproximação maior com a União Europeia.
A visita a Belgrado e Budapeste do líder chinês após Paris mostram que Pequim permanece fiel a Moscou ao visitar dois dos aliados da Rússia.
Pelo jeito, Xi prefere permanecer cada vez mais ligado aos Brics , mantendo certa distância de Washington e de Bruxelas.
Essa nova geopolítica mundial deixa a União Europeia em difícil situação internacional e, em particular, no caso de vitória de Trump.
Entre Washington e os Brics, os europeus têm dificuldade em decidir onde estão os seus interesses maiores.