Composição do céu observado pelo consórcio Pan-STARRS com a Via Láctea em destaque.
R. White (STScI), PS1 Science Consortium, Brooks Bays (UH)
Composição do céu observado pelo consórcio Pan-STARRS com a Via Láctea em destaque.

Muita gente ainda imagina o astrônomo como aquele homem de jaleco olhando pela ocular do telescópio, perscrutando os céus em busca de algo diferente. Mas a realidade é muito diferente; melhor imaginar uma pessoa em frente ao computador escrevendo um programa para minerar os dados. A astronomia contemporânea é mais Big Data (grandes bases de dados digitais) que uma noite romântica olhando pro espaço.

Um excelente exemplo foi a divulgação de 1,6 petabytes de dados — o equivalente a 1.600.000 gigabytes, ou aproximadamente um bilhão de selfies! — dos dados do levantamento Pan-STARRS, uma colaboração entre o Instituto Científico do Telescópio Espacial, da NASA, e o Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí.

Aproveitando a ocasião, vou falar um pouco hoje sobre como obtemos os dados astronômicos para nossas pesquisa hoje em dia.


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Da ocular ao Big Data

Antes de mais nada, esqueçam a ideia de um astrônomo com o olho grudado no telescópio. Se Galileu Galilei olhava com sua luneta e fazia anotações em seu caderno no século XVII, a astronomia do século XX já usava outro tipo de tecnologia.

Edwin Hubble, que deu o nome ao telescópio espacial, descobriu na década de 1920 que havia outras galáxias no universo e que o mesmo estava expandindo usando um telescópio no Observatório de Mount Wilson. Ele já usava placas fotográficas, semelhantes aos filmes das câmeras mais antigas, que registravam as imagens do telescópio e que podem ser vistas em alguns museus astronômicos.

No entanto, a partir da década de 1990 a grande maioria dos telescópios na Terra e no espaço passou a operar com CCDs, câmeras digitais quase idênticas àquelas utilizadas em qualquer smartphone moderno.


Uma galáxia, um bilhão de galáxias

Nesse contexto, até pouco tempo atrás o mais comum era um pesquisador utilizar o telescópio, estudar um objeto específico, gravar os dados e levar para análise em sua instituição. A maior parte da minha pesquisa é feita dessa forma. Com uma pergunta em mente, eu aponto o instrumento e obtenho os dados exatamente como necessito.

Você viu?

No entanto, nos últimos 15 anos surgiu uma nova maneira de se fazer ciência em que um projeto observa, bom, tudo. Sem muitos detalhes, necessariamente, mas com uma quantidade de dados espantosa. São os grandes levantamentos e o surgimento do Big Data na astronomia.

Quer estudar as propriedades de galáxias? Por que observar apenas 10, ou 100? Use os dados deste projeto — dados públicos, de livre acesso a qualquer um na internet — e investigue UM MILHÃO de galáxias. Mais recentemente, projetos como o Gaia examinam BILHÕES de estrelas, assim como o LSST vai obter dados de BILHÕES de galáxias no universo.


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Um novo tipo de cientista

Se a ciência é nova, os cientistas devem evoluir com os dados. Hoje em dia, grande parte dos novos astrônomos tem muita experiência com estatística e programação de computadores.

Afinal de contas, se você quer analisar petabytes de dados e bilhões de galáxias, é bom saber procurar muito bem o que você quer descobrir. É como procurar uma agulha digital num palheiro de Big Data .


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