
Flávio Bolsonaro (PL) tanto quis livrar o pai da cadeia que acabou antecipando a prisão do ex-presidente.
N a sexta-feira, o senador foi às redes e convocou uma vigília em defesa de Jair Bolsonaro (PL) na frente do condomínio onde ele já cumpria prisão domiciliar . Citava, como outros aliados ao longo da semana, o estado frágil de saúde do ex-capitão. E dizia que, através da oração, “vamos vencer as injustiças, as lutas e todas as perseguições”.
Era um ensaio de rebelião contra a Justiça brasileira. O mesmo caldeirão que detonou os ataques de 8 de janeiro de 2023 .
Alexandre de Moraes sentiu o cheiro da encrenca. No despacho que determinou a prisão do ex-presidente, neste sábado (22), o ministro do STF lembrou as fugas de Alexandre Ramagem, condenado no mesmo processo, e de outros integrantes da turma, como C arla Zambelli e Eduardo Bolsonaro, para o exterior.
Lembrou também a proximidade entre o condomínio de Bolsonaro e embaixadas aliadas, como as da Argentina e dos Estados Unidos.
Juntou lé com cré e cravou: Flávio atentou contra a ordem pública, e o histórico dos amigos de Bolsonaro não era dos mais confiáveis.
Contou contra o ex-presidente a notícia de que ele tentou violar, durante a noite, a tornozeleira eletrônica. O STF recebeu a comunicação do Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal logo depois da meia-noite. A informação, segundo Moraes, “constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho".
Sim: havia um plano em curso.
E ele precisava ser preso. Agora, preventivamente.
Moraes citou a repetição do modus operandi da convocação de apoiadores, com o objetivo de causar tumulto para a efetivação de interesses pessoais criminosos.
Ele determinou que, durante a ação, não fossem usadas algemas nem houvesse exposição midiática. Armas, só se fosse necessário.
Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão por liderar organização criminosa armada. Seus advogados, nos dias que antecederam a decisão, pediram ao Supremo para que ele seguisse em sua residência, na prisão domiciliar.
Os sinais de que Bolsonaro não ficaria em casa quieto praticamente enterram a possibilidade de escapar das grades.
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG