Estados do Nordeste cobram governo por medidas efetivas contra óleo nas praias
Quase um ano após as primeiras manchas de óleo chegarem em praias nordestinas, governo federal ainda não apresentou ações contra o problema
A Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga o derramamento de óleo no litoral brasileiro na Câmara ouviu nesta semana representantes de estados do Nordeste, que voltaram a criticar o governo federal por demora em agir e falta de transparência, entre outros problemas.
Leia também: Óleo no mar: oceanógrafo do INPE vai prestar novo depoimento
Segundo José Antônio Bertotti Júnior, secretário estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, o governo levou um tempo muito longo para tomar providências contra o óleo .
“A primeira medida do governo federal foi um despacho do presidente, publicado no dia 5 de outubro, pedindo que em 48 horas se tomassem as providências para identificar o responsável pelo vazamento. Mas isso foi 37 dias depois do primeiro toque, provavelmente depois de muitas imagens fortes que chegaram de Sergipe, onde o óleo era espesso”, reclamou.
Leia também: Óleo ressurge em Aracaju duas semanas após litoral sergipano ser dado como limpo
João Carlos Oliveira da Silva, secretário do Meio Ambiente da Bahia, citou a sensação de “enxugar gelo” ao narrar os esforços do estado para limpar as praias poluídas com o óleo. De acordo com ele, 32 municípios foram atingidos, e 496 toneladas de óleo foram coletadas nessas cidades. João Carlos afirmou ainda que o óleo prejudicou o turismo em cidades como Salvador, Ilhéus, Itacaré e Porto Seguro.
Para o secretário, não saber a quantidade de óleo que ainda havia no mar foi uma das principais dificuldades.
“E eu quero destacar aqui a boa vontade da Marinha . Mas o que nos deixava angustiados é que ninguém tinha uma notícia concreta para nos dizer a quantidade de óleo e, o que é pior, como conter esse óleo.”
Transparência
O diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte, Leonlene de Sousa Aguiar, reclamou de falta de transparência por parte do governo federal.
“Nos deixava surpresos como o governo federal não trazia informações, não publicizava, não dava respostas a tempo. Protocolávamos questões para o Ibama, o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), o Ministério do Meio Ambiente e as respostas não chegavam.”
O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) defendeu as ações do governo federal. Segundo o parlamentar, a Marinha direcionou pessoal e equipamentos assim que acionada, mas não havia protocolo para esse tipo de ação.
“Plano de contingência, por exemplo, não serve para esse tipo de acidente - inclusive porque foi único no planeta", afirmou. "Os investigadores ainda mantêm a tese de que o derramamento ocorreu a 700 quilômetros da costa brasileira e que o óleo viajou durante muito tempo e teve alteradas as suas propriedades físicas, afundou; por isso, as manchas eram indetectáveis e nenhum protocolo mundial foi criado, porque é um fato diferente.”
Resíduos
Segundo o portal da internet criado pelo governo federal para divulgar suas ações relativas ao derramamento de óleo , desde o dia 2 de setembro, cerca de 4.500 toneladas de resíduos foram coletadas das praias do litoral brasileiro.