Manifesto apoiado por 1230 cientistas contesta políticas ambientais de Bolsonaro

Artigo foi publicado na última segunda-feira (3) na tradicional Nature Ecology & Evolution, revista científica britânica

Foto: Amazônia.org
Proteção e restauro de ecossistemas terrestres é uma das linhas de ação de manifesto publicado por cientistas


Um manifesto de alerta sobre o “desmantelamento das políticas socioambientais” do Brasil foi publicado, na última segunda-feira (3), na Nature Ecology & Evolution, tradicional revista científica do Reino Unido. Sob o título “Ajude o Brasil a restaurar a governança de serviços ecossistêmicos globalmente importantes”, o artigo colheu assinaturas de 1.230 cientistas de diversas áreas em apoio à causa.

Os autores são pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (Pablo Borges de Amorim, Carolina Levi, Guilherme Mazzochin, Marina Hirota e Nivaldo Peroni), da Universidade Estadual de Campinas (Adriana Manhães e Bernardo Flores), da Universidade Federal de Alagoas (João Vitor Campos Silva) e do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Charles Clement).

O manifesto foi publicado com a intenção de desencadear uma pressão externa sob o governo Bolsonaro . “Quando  houve as queimadas na Amazônia , teve uma grande pressão dos países e de acordos internacionais que ajudou a reduzir os incêndios. Foi quando o governo acionou as Forças Armadas para ajudar a combater os incêndios ilegais. Por essa pressão, a gente consegue ações mais imediatas”, disse Carolina Levi em entrevista ao site da UFSC.

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Soluções

Além de criticar as políticas ambientais do país, os cientistas propõem soluções com base em três linhas de ação: o desenvolvimento de agroindústria sustentável; proteção e restauro de ecossistemas terrestres, de água doce e marinhos; e fortalecimento dos direitos dos povos indígenas e tradicionais.

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“Elas (as políticas ambientais) foram enfraquecidas, mas a gente acredita que o fortalecimento de ações, por exemplo, para combater desmatamentos, incêndios e atividades ilegais podem, sim, ser revertidas se houver apoio e vontade política. O Brasil lidera o ranking de morte de lideranças ambientais. A morte de pessoas não pode ser revertida, nem a perda de espécies. Se pensarmos nas queimadas na Amazônia, muitas espécies vegetais e animais deixaram de existir no sistema, são prejuízos incalculáveis, que não têm volta”, afirmou Levi.

Tensão

As decisões de Bolsonaro quanto às questões ambientais foram temas centrais durante todo o primeiro ano de governo. Diante de tantas críticas, o presidente tentou amenizar as cobranças com a criação do Conselho da Amazônia, que será coordenado pelo vice-presidente Hamilton Mourão. Iniciativas como a criação de um Projeto de Lei para liberar a mineração em terras indígenas, no entanto, impedem que Bolsonaro  consiga qualquer tipo de trégua com os ambientalistas.