Poço de lixo radioativo criado pelos EUA corre risco de romper

Local fica nas ilhas Marshall, pequeno país da Oceania que já sofreu no passado com testes nucleares realizados pelos norte-americanos

Foto: Hardcore
Poço foi criado durante a Guerra Fria para armazenar até 88 mil metros de detritos tóxicos.

O poço de lixo radioativo conhecido como “Tumba”, criado pelos Estados Unidos como local de descarte de detritos tóxicos provenientes de testes nucleares na Guerra Fria, está rachando, segundo aponta o Los Angeles Times. O poço fica nas Ilhas Marshall , país da Oceania que já sofreu no passado com testes nucleares norte-americanos e que hoje vê seu povo novamente ameaçado pela contaminação devido ao problema do poço.

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O que pode causar o rompimento da “ Tumba ” é justamente a pressão da água, já que o nível do mar no local continua a subir a cada ano. Segundo um grupo de especialistas que lida com o caso, se os níveis de emissão de carbono continuarem a subir, em cem anos, o poço estará completamente submerso, o que culminaria na morte da maioria das pessoas das Ilhas Marshall, que conta com uma população de aproximadamente 55 mil pessoas.

Em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos invadiram as Ilhas Marshall e começaram a administrar o território que sofria de escassez de alimentos após a fúria das batalhas na época. Com o fim dos conflitos da segunda guerra em 1945, os norte-americanos decidiram utilizar as ilhas como zona de testes nucleares. Essa situação perdurou por 14 anos, até 1960, período em que o país se munia para a Guerra Fria.

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Ken Buesseler, radioquímico marinho que estuda o solo nas Ilhas Marshall, afirma que a Ilha já está tomada pela radiação: “Há césio em tudo que você come, e plutônio em tudo que você come e bebe.”

De acordo com uma pesquisa da Universidade Columbia de Nova York, algumas regiões do país têm dez vezes mais radiação do que a liberada pelo acidente da Usina Nuclear de Chernobyl, que ocorreu em 26 de abril de 1986, na Ucrânia.

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Hoje uma nação independente dos Estados Unidos, as autoridades das Ilhas Marshall cobram do país a responsabilidade pela “Tumba”. Hilda Heine, presidente do país, afirma que os norte-americanos aceitaram arcar com os custos de reassentamento e assistência médica às comunidades afetadas pelos testes nucleares do passado, mas que nada foi declarado sobre a responsabilidade pelo poço: “Nós não queremos esse reservatório. Nós não construímos ele. O lixo lá dentro não é nosso. É deles”, ressaltou a presidente ao Los Angeles Times.