Laboratório de Alagoas encontra novo navio suspeito por manchas de óleo
Órgão da Universidade Federal de Alagoas encontrou imagens de satélite que indicam um navio suspeito na costa brasileira em 19 de julho
O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) encontrou uma nova imagem que pode ser determinante para chegar a outro navio suspeito de derramar o óleo encontrado nas praias do Nordeste e do Espírito Santo.
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Para a equipe do Lapis, o navio responsável pelo crime ambiental não é o petroleiro Bouboulina, apontado pelo governo brasileiro como principal suspeito pelo crime.
A nova imagem do satélite Sentinel-1A, encontrada na última sexta-feira (15), mostra uma mancha de grande proporção que teria aparecido no dia 19 de julho de 2019, na costa leste do Nordeste brasileiro, a 26 km do litoral da Paraíba.
Os primeiros relatos de chegada de óleo na costa brasileira são de 30 de agosto. A grande mancha captada pelo satélite tem cerca de 25 km de extensão e 400 metros de largura. Para os pesquisadores, a identificação dessa mancha não apenas isenta o Bouboulina como abre a possibilidade de apontar outro navio suspeito de ter derramado o óleo.
“Com base em dados de geointeligência marinha, cruzados com informações de satélites, o Lapis concluiu ter havido comportamento atípico, no percurso do navio, pela costa norte do Nordeste brasileiro, no período anterior a 28 de julho”.
“A bandeira da embarcação suspeita não é grega. Todos os seus dados serão repassados, pelo Lapis, ao Senado Federal, no próximo dia 21 de novembro. Na ocasião, haverá uma audiência pública da Comissão Externa que acompanha as investigações sobre a poluição por óleo no Litoral do Nordeste”, disse em comunicado o cientista Humberto Barbosa, chefe do Lapis.
Segundo os pesquisadores, a partir da análise das imagens de satélites, que mapearam o oceano nos dias 19 e 24 de julho, foi possível rastrear todos os 111 navios-tanques que transportavam óleo cru nessas datas pela costa norte do Nordeste brasileiro. E os cientistas do Lapis afirmam que, de todas as embarcações analisadas, apenas uma “apresentou evidências de que algum incidente pode ter ocorrido durante seu trajeto, podendo ser a provável fonte do óleo que polui o Litoral brasileiro”.
Principais evidências do culpado
A suspeita de que algo errado possa ter acontecido está baseada no itinerário realizado pelo navio em julho. O navio costumava fazer o trajeto de um país asiático até a Venezuela, pela África do Sul, com o transponder devidamente ligado, ou seja, o aparelho que indica sua localização durante todo o percurso.
“Todavia, as análises sobre a embarcação mostram que, no percurso do dia 1º de julho a 13 de agosto, o itinerário do navio pelos oceanos foi bastante controverso. O navio suspeito não transmitiu, de forma regular e sem interrupções, todas as informações de sua faixa de Automatic Identification System (AIS, um sistema de monitoramento de embarcações usado internacionalmente). As embarcações que não transmitem consistentemente seu sinal de rastreamento público violam o direito marítimo internacional. De fato, a prática foi observada pelo navio investigado”, diz Humberto Barbosa.
De acordo com os pesquisadores, o navio partiu de um país asiático no dia 1º de julho. Mas o registro seguinte aconteceu apenas na costa norte da América do Sul, possivelmente de uma parada, na altura da Guiana, no dia 28 de julho. Durante seu percurso no oceano Atlântico, o itinerário foi incomum: além de não parar em nenhum porto, a embarcação permaneceu sem identificação regular e fez uma “estranha manobra”, que indica uma mudança de trajetória.
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Para Humberto Barbosa, a partir da Guiana o navio deu uma grande volta, aproximou-se do nordeste dos Estados Unidos, em 31 de julho, e retornou pela costa africana, tendo passado por Serra Leoa, no dia 09 de agosto. Após essa mudança, a embarcação seguiu o percurso de volta e chegou ao seu porto de origem, na Ásia, em 13 de agosto.