Governo Bolsonaro autoriza agrotóxico que extermina abelhas em novo lote

Mesmo agrotóxico teve seu registro cancelado nos Estados Unidos em 2015. Sulfoxaflor já matou mais de meio bilhão de abelhas entre janeiro e março

Foto: Divulgação
Governo Bolsonaro autorizou agrotóxico que extermina abelhas e totaliza 262 liberações apenas em 2019

O governo Jair Bolsonaro (PSL) liberou nesta segunda-feira (22) novo lote de registro de agrotóxicos, chegando a 262 produtos liberados somente neste ano. Entre os agrotóxicos autorizados está o sulfoxaflor, responsável por exterminar mais de meio bilhão de abelhas em quatro estados brasileiros entre os meses de janeiro e março – quando o projeto ainda estava em fase de testes.

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O agrotóxico sulfoxaflor foi um dos principais temas debatidos em abril na sessão da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara que recebeu a ministra da Agricultura Teresa Cristina. Ex-líder da bancada ruralista, na ocasião, a ministra disse que o inseticida responsável pela morte das abelhas não estava registrado no Brasil. 

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“O problema das abelhas é que foi usado um produto chamado Sulfoxaflor. Esse produto não está registrado no Brasil. Esse é o grande problema dessa fila enorme. Esse produto muito provavelmente entrou de maneira ilegal, está sendo usado de maneira errônea e causou a morte das abelhas”, afirmou.

Produzido pela Dow AgroSciences, o Sulfoxaflor é classificado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como “medianamente tóxico”, mas fora do Brasil é alvo de polêmica. Em agosto, pesquisadores da Universidade de Londres demonstraram que, sob certas condições, o inseticida tem um impacto negativo sobre a produção reprodutiva de colônias de abelhas, reduzindo em 54 por cento o tamanho das colmeias.

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Em 2015, o agrotóxico teve seu registro cancelado nos Estados Unidos após uma decisão da Corte de Apelações de São Francisco indicar que a Agência de Proteção Ambiental [EPA, na sigla em inglês] falhou em considerar os impactos do Sulfoxaflor sobre insetos polinizadores. Um ano depois, a EPA voltou a conceder o registro, mas com abrangência limitada.