
No episódio desta quarta-feira (19) do podcast " iG Foi Pro Espaço ", transmitido no YouTube do Portal iG, o biólogo, mestre, educador e criador do Canal Jovem Cientista, Brenno Barros, discutiu os caminhos para inspirar jovens a seguirem carreira científica e a importância de aproximar o conhecimento científico da população.
Premiado pelo Pulitzer Center e indicado ao Prêmio iBest, Barros falou sobre os desafios da educação, o uso das redes sociais para divulgação científica e sua pesquisa com inteligência artificial aplicada às ciências biológicas.
Brenno Barros contou que sua trajetória na ciência começou de forma natural, mesmo vindo de uma realidade com muitos desafios.
Nascido e criado na Baixada Fluminense, ele relatou as dificuldades de acesso, como longas horas no transporte público. " Eu fiz a minha metade da minha graduação no ônibus ", disse, mencionando também ter sofrido uma tentativa de assalto durante o período.
A paixão pela biologia, que era seu " plano B ", tornou-se sua grande vocação . A divulgação científica surgiu como um hobby, inspirado em criadores de conteúdo como Pirula e o Átila, do Nerdologia. " Eu só quero compartilhar as coisas que eu amo e as coisas que eu estudo ", afirmou.
Com o tempo, o trabalho se tornou uma necessidade, especialmente com a ascensão de movimentos como o antivacina.
O biólogo apontou os grandes obstáculos para a divulgação e educação científica. O primeiro é competir pela atenção nas redes sociais. " É difícil competir com gatinho nessas horas ", brincou.
O segundo e mais grave é a base educacional. " Temos problemas sérios com relação ao alfabetismo científico [...] e até mesmo ao alfabetismo funcional. Temos dados de que três a cada 10 brasileiros hoje em dia são analfabetos funcionais ". Ele acredita que o dado pode ser ainda maior.
Desvalorização do cientista no Brasil
Barros foi enfático ao criticar a falta de estímulo à carreira científica no país. Ele citou as bolsas de estudo insuficientes e a falta de direitos trabalhistas. " Uma bolsa de mestrado [é] de 2100 reais e a de doutorado de 3500 reais. Uma pessoa que se dedica e que muitas vezes tem um contrato de dedicação exclusiva[...] não paga nenhum aluguel direito ".
O cientista ainda menciona a situação de pesquisadores que trabalham com agentes patogênicos perigosos, como ebola e HIV, sem receber adicional de insalubridade. " Isso é no mínimo absurdo. É revoltante ". Essa desvalorização, segundo ele, leva à " fuga de cérebros ".
" A gente perde a oportunidade de ter cientistas fantásticos aqui dentro [...] Formamos doutores para jogar eles lá para fora, para entregar para outros países ", relata Barros.
Ciência não é só para a elite
Para os jovens que acham que a ciência não é para eles, Brenno Barros deixa uma mensagem de determinação.
" Historicamente tem pessoas que inclusive mantêm essa visão ainda hoje em dia de que a ciência não é para todo mundo e de que a ciência pertence somente às elites [...] primeira coisa que a gente tem que fazer é combater essa visão ", comentou o divulgador científico.
" [São] muitos caminhos que vão tentar te desmotivar, mas eu diria que se você for com esse foco e essa determinação, acreditar no que você quer, independente do que tiverem dizendo para você, vai, vai em frente que eu tenho certeza que a tua vitória vai chegar ", aconcelhou Barros.
A entrevista foi transmitida nesta quarta-feira (19), às 18h, no canal do YouTube do Portal iG .