"Técnica do macho tóxico": esperma de mosquito pode ajudar a frear doenças, sugere estudo

Método usa "esperma tóxico" para eliminar fêmeas e reduzir a transmissão de doenças como malária e dengue

Um mosquito da espécie Aedes aegypti no laboratório do Centro de Estudios de Parasitología y Vectores del Instituto de Investigación CONICET em La Plata, Argentina
Foto: LUIS ROBAYO
Um mosquito da espécie Aedes aegypti no laboratório do Centro de Estudios de Parasitología y Vectores del Instituto de Investigación CONICET em La Plata, Argentina

Pesquisadores australianos anunciaram na terça-feira (7) uma nova abordagem científica para combater doenças tropicais , por meio de  mosquitos geneticamente modificados com esperma tóxico. A técnica, batizada de "macho tóxico" , visa criar mosquitos cujos espermas contenham proteínas venenosas que causam a morte das fêmeas após a cópula.

O foco dessa inovação é nas fêmeas dos mosquitos, uma vez que são elas as responsáveis por picar e sugar sangue, desempenhando papel crucial na disseminação de doenças como malária e dengue. O cientista Sam Beach, da Macquarie University, explicou que esse método “poderia ser tão eficaz quanto os pesticidas, mas sem prejudicar as espécies benéficas”.

Nos primeiros testes, a equipe de pesquisa utilizou moscas-das-frutas, que são frequentemente escolhidas para experimentos devido à sua vida útil curta, de cerca de duas semanas. Os resultados mostraram que as fêmeas de mosca-das-frutas que cruzaram com machos “tóxicos” apresentaram uma vida útil consideravelmente reduzida.

A utilização de engenharia genética no controle de populações de mosquitos transmissores de doenças não é uma novidade, mas o pesquisador Maciej Maselko, membro da equipe, ressaltou que o método será rigorosamente testado em mosquitos, com cuidados para "garantir que não haja riscos para os seres humanos".

O estudo completo foi publicado na terça-feira na revista científica Nature Communications.