Towana Looney recebeu um rim de porco - 18/12/2024
ANGELA WEISS/ AFP
Towana Looney recebeu um rim de porco - 18/12/2024

Uma paciente norte-americana com insuficiência renal está livre da diálise após receber um transplante de rim de porco geneticamente modificado. Towana Looney , de 53 anos, estava na fila de espera por um órgão há oito anos e passou pela cirurgia no mês passado. Atualmente, ela é a única pessoa no mundo vivendo com um órgão de porco.  

Towana doou um rim para a mãe, que também teve insuficiência renal, em 1999. Anos depois, durante a gravidez , ela desenvolveu a doença devido a complicações causadas por pressão alta. Em 2016, começou o tratamento com hemodiálise e, no ano seguinte, entrou na lista de transplantes, mas não encontrou um doador compatível.  

Depois de anos sem perspectiva de um rim adequado, Towana recebeu autorização para um xenotransplante, procedimento no qual órgãos de animais são transplantados para humanos.  

“Sinto como se tivesse recebido outra chance na vida. Mal posso esperar para viajar novamente e passar mais tempo de qualidade com minha família e netos”, ressaltou Towana Looney.

A cirurgia foi realizada pelo NYU Langone Transplant Institute, como parte de um programa autorizado pelo Food and Drug Administration (FDA), que permite o procedimento fora de ensaios clínicos em casos de alto risco de vida.  

O rim transplantado começou a produzir urina antes mesmo de Towana acordar da cirurgia. Exames mostraram que o órgão está funcionando adequadamente, eliminando creatinina, um resíduo normalmente filtrado pelos rins. A paciente teve alta hospitalar no dia 6 de dezembro.  

Em um vídeo divulgado pelo hospital, Towana contou que já sente sua vida voltar ao normal, recuperando o apetite e a capacidade de realizar tarefas que antes não conseguia.

"Eu costumava fazer uma tarefa, sentar para descansar, e depois fazer outra tarefa. Agora eu sou multitarefas", afirmou.  

Histórico de xenotransplantes  

Towana é a única pessoa viva atualmente com um rim de porco. Outros quatro pacientes já passaram por xenotransplantes nos últimos anos, mas não resistiram por estarem em condições graves de saúde antes das cirurgias.  

Um desses casos envolveu um homem que, em março deste ano, recebeu o transplante em uma operação liderada por um médico brasileiro. A saúde debilitada do paciente e anos de tratamentos dificultaram sua recuperação, e ele morreu dois meses após o procedimento.  

Os médicos explicaram que Towana continuará sendo monitorada com visitas diárias ao hospital durante o primeiro mês, com previsão de alta definitiva em três meses.  

“Towana representa o ápice do progresso que fizemos no xenotransplante desde a primeira cirurgia, em 2021. Ela serve como um farol de esperança para aqueles que lutam contra a insuficiência renal”, disse Robert Montgomery, MD, DPhil, cirurgião responsável pelo procedimento.

Como funciona o xenotransplante  

O xenotransplante consiste no transplante de órgãos entre espécies, no caso de Towana, de um porco para um humano. O órgão utilizado passou por dez modificações genéticas para reduzir a possibilidade de rejeição.  

Entre as alterações, foram removidos três antígenos imunogênicos, responsáveis por reforçar a resposta imunológica humana e causar rejeição, e um receptor de hormônio de crescimento suíno, para evitar que o rim crescesse desproporcionalmente ao corpo humano.  

Além disso, foram adicionados seis transgenes humanos, que ajudam a tornar o órgão mais semelhante aos órgãos humanos e a reduzir a chance de rejeição. 


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