Múmias do Egito passam por tomografia e detalhe inédito é revelado; entenda

Equipe do Field Museum capturou milhares de imagens das múmias com a máquina

Museu em Chicago submeteu as múmias à tomografias
Foto: Divulgação/Field Museum
Museu em Chicago submeteu as múmias à tomografias


Um museu em Chicago ( EUA ) submeteu 26 múmias do antigo Egito , que fazem parte do acervo local, a um equipamento móvel de tomografia , capaz de computadorizar todo o interior das  múmias sem precisar danificá-las.

O processo, que levou quatro dias para ser concluído, foi considerado pouco invasivo — excluindo o transporte em si. A equipe do Field Museum , especializado em história natural, realizou o experimento em setembro e afirmou que o estudo ainda está na etapa inicial.

No final de outubro, as milhares de imagens capturadas pela máquina começaram a ser reunidas para criarem uma visão 3D de cada um desses indivíduos. A equipe relatou neste sábado (9), à CNN, que todo o projeto deve levar cerca de três anos.

Mesmo no começo do estudo, os pesquisadores já descobriram detalhes sobre práticas de  mumificação que datam de mais de 3 mil anos atrás e sobre a vida dessas pessoas, incluindo um ponto fora da curva sobre o que se pensa que ocorre no embalsamento.

Processo de mumificação

A equipe do Field Museum descobriu que nem sempre os órgãos eram sepultados fora do corpo do falecido no processo de mumificação, prática tida como padrão até então. Alguns embalsamadores optavam por devolvê-los ao cadáver, empacotados, antes do enfaixamento.

O processo de mumificação de uma pessoa,em uma civilização que acreditava que a preservação do corpo após a morte estava ligada à saúde do espírito, é uma técnica complicada que podia durar 70 dias, segundo o museu Smithsonian. Era mais comum em membros da classe alta e da nobreza.

Na tarefa, os sacerdotes encarregados realizavam rezas e rituais específicos, como retirar os órgãos do corpo, preservá-los e colocá-los em recipientes. O cérebro era retirado por último, em pedaços e com cautela, para não desfigurar o rosto.

Os corpos eram “secos” com um composto de sais de sódio (natron), evitando umidade que pudesse levar à decomposição mais acelerada, e também usavam linho para cobrir o cadáver. Alguns amuletos eram colocados entre camadas, e trechos da fita recebiam escrituras mágicas.

Por que não deixá-los onde estavam para início de conversa? Isso se deve aos egípcios terem, entre seu panteão de deuses, aqueles que são responsáveis por cada parte do corpo após a morte. Imsety, por exemplo, protegia o fígado, Hapy, o pulmão e Duamutef, o estômago.

Na prática mais comum, de deixar os órgãos separados, cada um terminava em um jarro decorado com motivos de sua respectiva divindade protetora. No caso das múmias analisadas que foram sepultadas com os órgãos, cada pacote tinha uma figura de cera representando cada um dos deuses responsáveis.

Nova descoberta

Uma das múmias, nomeada Chenet-aa e datada de 3 mil anos atrás, foi por algum motivo enterrada sem seus olhos, e sepultada com um par substituto. Acredita-se que Chenet-aa viveu entre 30 e 40 anos. Desgastes nos esmaltes de seus dentes sugerem aos estudiosos que ela tinha problemas em sua dieta diária.

Em outra múmia, do indivíduo conhecido como Harwa , o estudo preliminar sugere um estilo de vida confortável. A tomografia encontrou dentição em ótimo estado e nenhum sinal de lesões ósseas decorrentes de trabalho braçal frequente.


“Do ponto de vista arqueológico, é incrivelmente raro poder investigar ou ver a história da perspectiva de um único indivíduo”, contou Stacy Drake, gerente da coleção de restos mortais humanos do Field Museum, em nota à imprensa. “Esta é uma ótima maneira de vermos quem eram essas pessoas, não apenas as coisas que fizeram e as histórias que inventamos sobre elas, mas os indivíduos reais que estavam vivos naquela época”, complementou.