"Fígados em miniatura" serão enviados para a Estação Espacial Internacional ( EEI
). A ideia é buscar entender se a microgravidade pode estimular o crescimento de tecido saudável com um amplo suprimento de sangue.
A pesquisa, conforme os cientistas, pode abrir portas para o cultivo de tecidos e órgãos personalizados no espaço, visando aplicações em transplantes cirúrgicos.
Segundo informações de uma reportagem publicada pela Live Science, os pesquisadores planejam avaliar a eficácia do crescimento do tecido hepático em microgravidade e testar uma nova tecnologia que mantém esse tecido vivo e super-resfriado durante o retorno à Terra.
"Meu objetivo final para esses tecidos é se eles estão fazendo o que imaginamos e esperamos que eles sejam capazes de se tornar com a ajuda da microgravidade; é usar esses tecidos para terapia", declarou a Dra. Tammy Chang, professora de cirurgia na Universidade da Califórnia, em São Francisco.
Segundo a pesquisadora, o tecido pode ser transplantado para tratar uma variedade de doenças e distúrbios da função hepática, caso os experimentos deem certo.
Por que não fazer na Terra?
Cultivar tecidos em placas de laboratório na Terra apresenta desafios, devido à gravidade que puxa as células para o fundo do recipiente. A gravidade também causa estresse nas estruturas, pois as células precisam ser mantidas suspensas enquanto crescem, o que requer agitação constante do prato.
Na natureza, os órgãos se desenvolvem em embriões que flutuam no líquido amniótico ou na almofada de fluido fornecida por um óvulo.
Esses desafios levaram os pesquisadores a desenvolver biorreatores rotativos que simulam um ambiente de baixa gravidade ao girar rapidamente. Essa técnica permite o crescimento de tecidos e órgãos em miniatura, conhecidos como "organoides", em condições artificiais, mas esses sistemas também impõem estresse aos tecidos, especialmente à medida que os aglomerados de células aumentam.
Chang e sua equipe acreditam que os organoides podem crescer de maneira mais eficiente em um ambiente de microgravidade sustentada e de alta qualidade, como o que a Estação Espacial proporciona.
Missão em 2025
Cada organoides têm o tamanho de 0,2 milímetros e serão capazes de se organizar e interagir com os outros para desenvolver tecidos maiores e até tecidos vascularizados.
A equipe utilizou “células-tronco pluripotentes induzidas” para permitir o cultivo em ambiente espacial, que são células adultas reprogramadas para serem células-tronco que podem dar origem a diferentes tipos de tecido.
O experimento deve começar no início de 2025. A projeção é que os tecidos vão crescer a bordo da EEI por duas semanas e depois serão colocados em uma solução para conservação para a análise.
Outro experimento, testará um sistema de superresfriamento para trazer os tecidos vivos de volta ao nosso planeta. Essa fase deve acontecer no fim do ano que vem ou só em 2026.