Marte: Nasa coleta novas amostras em local que pode ter abrigado vida

Partículas foram colhidas no antigo delta de um rio localizado na cratera Jezero; segundo cientistas, há chances de já ter havido vida microbiana no lugar

Rover Perseverance explorando a superfície da cratera Jezero
Foto: NASA/JPL-Caltech/ASU/MSSS
Rover Perseverance explorando a superfície da cratera Jezero

O rover Perseverance, da Nasa, a agência espacial americana, coletou quatro novas amostras de núcleos de rochas no antigo delta de um rio na cratera Jezero, em Marte. O local é considerado pelos cientistas um dos principais locais onde poderia haver vida microbiana antiga no planeta vermelho. Ao todo, as amostras coletadas no local chegam a 12.

Segundo a Nasa, a cratera Jezero abrigava o delta de um rio marciano e um lago há cerca de 3,5 bilhões de anos. Um delta é a terminação de um rio, no mar ou num lago, onde a sedimentação é significativa e o curso de águas se divide em vários "braços". O Perseverance está investigando as rochas sedimentares presentes no delta, formadas quando partículas de vários tamanhos se estabeleceram no ambiente. 

Antes de chegar ao delta do rio, o rover explorou o fundo da cratera, encontrando rochas ígneas, aquelas que se formam no subsolo do magma ou durante atividade vulcânica na superfície.

"O delta, com suas diversas rochas sedimentares, contrasta lindamente com as rochas ígneas — formadas a partir da cristalização do magma — descobertas no fundo da cratera", afirmou o cientista Ken Farley, integrante do projeto Perseverance.

"Esta justaposição nos fornece uma rica compreensão da história geológica após a formação da cratera e um conjunto diversificado de amostras. Por exemplo, encontramos um arenito que carrega grãos e fragmentos de rocha criados longe da Cratera Jezero e um lamito que inclui compostos orgânicos intrigantes", completou. 


Achado de matéria orgânica


Em 20 de julho, o Perseverance desgastou parte da superfície de uma rocha que recebeu o nome de "Wildcat Ridge", que, de acordo com a Nasa, provavelmente se formou há bilhões de anos, quando lama de areia fina se estabeleceram em um lago de água salgada em evaporação. As amostras foram analisadas por um instrumento que indicou a presença de uma classe de moléculas orgânicas espacialmente correlacionadas com as dos minerais de sulfato. A presença dessas moléculas específicas é considerada uma bioassinatura potencial — uma substância ou estrutura que pode ser evidência de vida passada, mas também pode ter sido produzida sem a presença de vida.

A agência espacial explica que moléculas orgânicas consistem em uma ampla variedade de compostos feitos principalmente de carbono e geralmente incluem átomos de hidrogênio, podendo conter também outros elementos, como nitrogênio, fósforo e enxofre. Embora existam processos químicos que produzem essas moléculas que não requerem vida, alguns desses compostos são os "blocos de construção químicos da vida".

Em 2013, o rover Curiosity, também da Nasa, encontrou evidências de matéria orgânica em amostras de pó de rocha. A Perverance também já havia detectado orgânicos na Cratera Jezero antes. Wildcat Ridge, no entanto, foi o local em Marte onde se registrou a maior abundância de matéria orgânica até o momento.

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