Conheça 5 mulheres que revolucionaram a ciência nos últimos 5 anos
Da astrofísica à medicina: na véspera do Dia Internacional das Mulheres, o iG homenageia e conta um pouco da trajetória de algumas cientistas e suas descobertas; confira a lista
Por Leticia Moreira | iG Último Segundo |
Ao longo da história as mulheres vêm revolucionando o pensamento científico e trazendo inúmeras contribuições para as mais diversas áreas do conhecimento, seja na física , química, biologia ou saúde. "Muitos setores são tradicionalmente dominados por homens (Medicina, Direito, política etc) e todos eles estão mudando", afirma a astrofísica norte-americana Victoria Kaspi. "Na física e matemática, por exemplo, essa evolução tem sido mais devagar, mas eu acredito que ela esteja em processo, para que, no futuro, possamos ter mais igualdade".
Em especial ao Dia Internacional da Mulher , conheça cinco mulheres que revolucionaram a ciência, trouxeram grandes contribuições e foram reconhecidas por elas nos últimos cinco anos:
1. Victoria Kaspi
Apesar de ter se mudado para o Canadá aos sete anos de idade, Victoria Kaspi nasceu no Texas, nos Estados Unidos. Kaspi é astrofísica e suas pesquisas envolvem, principalmente, estrelas de nêutrons e o radiotelescópio do projeto Experimento Canadense de Mapeamento de Intensidade de Hidrogênio (CHIME, na sigla em inglês). Este último, lançado em 2017, foi um dos trabalhos de maior destaque na carreira da pesquisadora, se tornando um "caçador" de rajadas de rádio – um pulso de rádio intenso e rápido que ainda é "quebra-cabeça para a astrofísica", de acordo com ela.
Em entrevista ao portal iG, Victoria Kaspi disse que está trabalhando com o CHIME no Canadá e fazendo "novas descobertas interessantes". Além do projeto, em 2016, a pesquisadora foi a primeira mulher a ganhar o maior prêmio de ciência canadense, o Gerhard Herzberg Canada Gold Medal for Science and Engineering, pela sua pesquisa relacionada às estrelas de nêutrons. "Há muitas mulheres excelentes e fazendo um trabalho fantástico com a ciência no Canadá, então é um pouco estranho eu ter sido a primeira a ganhar o prêmio. Mesmo assim, me sinto tremendamente honrada e orgulhosa", afirmou.
De acordo com Kaspi, ao longo de sua carreira, seus maiores desafios foram a "falta de autoconfiança e o sentimento de não pertencimento". A cientista disse que, antes de se formar, pensou em desistir diversas vezes, mas que a sensação foi embora com o tempo. "Se eu pudesse conversar com o meu 'eu do passado', eu diria: 'Todo mundo se sente desencorajado de vez em quando. Não desista. Essa é a carreira certa para você'", acrescentou.
2. Marcelle Soares-Santos
Natural de Vitória, no Espírito Santo, Marcelle Soares-Santos se formou em física pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em 2004 e completou o mestrado e doutorado em astronomia pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, é professora na Universidade Brandeis, nos Estados Unidos, e pesquisadora no Fermi National Accelerator Laboratory, um dos mais importantes laboratórios de física de partículas do mundo, estudando matéria escura e energia escura.
Marcelle é um dos nomes envolvidos na pesquisa que recebeu o título de descoberta científica do ano pela revista Science em 2017, sendo a única brasileira entre 16 líderes responsáveis pela coordenação do projeto. O estudo é um complemento da descoberta de ondas gravitacionais, teoria que venceu o prêmio Nobel de Física também no mesmo ano.
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Além disso, em 2019, com apenas 37 anos de idade, a astrofísica foi reconhecida pela Fundação Alfred P. Sloan, que, desde 1995, seleciona os cientistas jovens mais proeminentes para receber uma bolsa de US$ 70 mil para investir em pesquisas.
Devido à sua trajetória, a cientista foi escolhida para fazer parte do projeto "Entrevistas Além do Tempo", história em quadrinhos baseadas naa carreiras e trajetórias de cientistas negros. A revista é uma parceria do pesquisador da USP Carlos Antônio Teixeira e a Embaixada e os Consulados dos EUA e foi lançada no último dia 24.
3. Jennifer Doudna
Jennifer Doudna é bioquímica e bióloga molecular e, atualmente, a estadunidense é professora da Universidade da Califórnia, Berkeley. Entre uma coleção de prêmios, em 2020, Doudna foi laureada Nobel de Química ao lado de outra mulher, Emmanuelle Charpentier, pelo desenvolvimento de um método de edição de genoma, também conhecido como "revolução CRISPR". A técnica é considerada altamente significativa, principalmente para a biotecnologia e medicina, já que, por meio dela, é possível criar novos medicamentos, produtos agrícolas e organismos geneticamente modificados, além auxiliar no tratamento de doenças hereditárias, como o câncer.
Doudna foi nomeada como uma das pessoas mais influentes pela revista norte-americana Time ao lado de Charpentier, em 2015, e listada como vice-campeã como pessoa do ano pela mesma revista em 2016, juntamente com os outros pesquisadores do CRISPR. Ainda, em 2017, a pesquisadora foi a autora principal do livro "Uma Brecha na Criação: Edição de genes e o Poder Inconcebível de Controlar a Evolução", um caso raro de relato em primeira pessoa de um grande avanço científico, destinado ao público geral.
4. Sandra Myrna Díaz
A bióloga Sandra Díaz foi reconhecida pela revista Nature como uma das pessoas mais relevantes da ciência em 2019. Ao lado de Eduardo Brondíziom, da Universidade de Indiana Bloomington, e Josef Settele, do Centro Helmholtz de Pesquisa Ambiental em Halle, Díaz coordenou um dos maiores estudos sobre biodiversidade do mundo. A pesquisa mostra que, na época, 1 milhão de espécies estavam em vias de extinção devido à atividade humana e que essa taxa é pelo menos centenas de vezes mais rápida do que a média nos últimos 10 milhões de anos.
A publicação, com 1,5 mil páginas, também sugere que os países só conseguiriam atingir as metas globais focadas em desenvolvimento sustentável caso drásticas mudanças fossem feitas. Díaz integra diversas organizações científicas e é professora de ecologia na Universidade Nacional de Córdoba, além de estar entre os oito profissionais argentinos que pertencem à Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos .
5. Adi Utarini
Adi Utarini é uma pesquisadora de saúde pública da Universidade Gadjah Mada (GMU), em Yogyakarta, na Indonésia. O estudo de Utarini é focado no controle da dengue e, em 2020, ela foi selecionada como uma das dez pessoas mais relevantes na ciência pela revista Nature por liderar um teste pioneiro de uma tecnologia capaz de ajudar a eliminar a doença viral.
Em meio à pandemia de Covid-19 , a pesquisadora conseguiu, ao lado de seus colegas, reduzir casos de dengue em 77% em determinadas áreas de Yogyakarta, liberando mosquitos modificados para impedi-los de transmitir o vírus. O resultado do experimento foi aclamado por epidemiologistas ao redor do mundo. O estudo de Utarini não parou por aí e ela se diz otimista em relação à pesquisa.