Menos dinheiro, mais avanços: Índia mira protagonismo na exploração espacial
Com o objetivo de se igualar a EUA, China e União Soviética e pousar na lua, indianos criam novas tecnologias e prometem ser 'nova cara' do setor
A cada ano, a corrida pela exploração espacial vem ganhando novos competidores. ÚItima a realizar uma tentativa de pousar na lua, que acabou não tendo sucesso , a Índia desponta com uma das fortes concorrentes de EUA, China e Rússia na busca por novas fronteiras no universo. E gastando muito menos do que os outros países para realizar tais feitos.
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Apesar da derrota recente, a Índia tem um histórico bastante favorável no campo espacial. Criada em 1969 pelo ministro Jawaharlal Nehru e o cientista Vikram Sarabhai para substituir o Comitê Nacional Indiano de Pesquisas Espaciais, a Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO) institucionalizou as atividades espaciais e deu início a uma nova era no desenvolvimento de tecnologias no país.
O primeiro satélite construído pela ISRO foi o Aryabhata, lançado em uma base da União Soviética em abril de 1975. Cinco anos depois, o Rohini se tornaria o primeiro satélite a ser colocado em órbita por um veículo de lançamento feito pela Índia, o SLV-3.
Depois disso, foram desenvolvidos outros dois foguetes : o Polar Satellite Launch Vehicle (PSLV), para lançamentos de satélites em óbrtias polares, e o Geosynchronous Satellite Launch Vehicle (GSLV), para satélites em órbitas geoestacionárias, que colocaram de vez os indianos na briga pelo protagonismo da exploração espacial .
Início da busca pela lua
Em outubro 2008, a ISRO enviou um orbitador lunar, o Chandrayaan-1 , e um veículo orbital marciano, o Mars Orbiter Mission, que entrou com sucesso na órbita de Marte em setembro de 2014, evento que tornou a ISRO a quarta agência no mundo, e a primeira na Ásia, a alcançar a órbita de Marte com sucesso.
A Chandrayaan-1, lançada do Polar Satellite Launch Vehicle (PSLV-C11) e com um custo aproximado de 83 milhões de dólares, realizou 3.400 voltas na órbita da lua até perder o contato com a equipe em terra em agosto de 2009. De positivo, o módulo conseguiu acumular dados sobre a superfície lunar, sendo o mais relevante deles a confirmação da presença de hidróxido (OH) e água (H2O) congelada nos polos do satélite.
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Pesquisadores, inclusive, apontam que tais dados demonstram que estas são “evidências definitivas” da presença de água na lua, o que seria um avanço considerável nos objetivos futuros de diversos países que sonham em estabelecer uma base no satélite natural da Terra, uma vez que este gelo poderia ser transformado em água potável e até ‘dividido’ em hidrogênio e oxigênio, auxiliando na sobrevivência dos astronautas e gerando combustível para os foguetes.
Já a primeira tentativa de realizar um pouso na lua
e entrar no seleto grupo formado por EUA
, União Soviética e China
aconteceu em julho de 2019. No dia 15, estava programado o lançamento da Chandrayaan-2
, que teve custo estimado em 141 milhões de dólares. Porém, poucas horas antes da ignição, o projeto teve que ser adiado em uma semana após uma falha técnica ter sido identificada em um galão de metano do foguete.
No dia 22, a espaçonave foi lançada a partir do foguete GSLV Mark III na plataforma do Centro Espacial de Satish Dhawan com o objetivo de chegar a região polar sul da Lua, local ainda não visitado e estudado, melhorando assim a compreensão sobre o satélite natural da Terra.
Entretanto, no último dia 06 de setembro, quando realizaria a última fase da missão e o pouso propriamente dito, o módulo Vikram, nomeado em homenagem ao cientista que fundou a ISRO, perdeu contato com a equipe terrestre e ‘desapareceu’ dos radares, frustrando os planos indianos de um pouso lunar bem sucedido, em desfecho parecido com o ocorrido com o módulo de Israel, que também falhou em sua tentativa de alunissar.
Missões futuras
Até o momento, a ISRO já realizou 75 missões espaciais, 46 missões de lançamento de foguetes e satélites, além de ter cedido suas bases para outros 51 lançamentos de satélites estrangeiros. Alguns dos países que utilizaram os veículos lançadores da agência indiana foram Argélia, Canadá, Alemanha, Indonésia, Japão e EUA.
E os próximos passos já estão bem definidos. Entre eles, o desenvolvimento de um veículo de lançamento que possa ser reutilizado, conhecido como Avatar , que tem estágio único reutilizável e é capaz de decolagem e pouso horizontais. O objetivo é que o primeiro teste seja realizado até o ano de 2025 e que seja capaz até de levar turistas.
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Além desta, a agência prepara outras missões de exploração lunar, quer enviar sondas para Marte e Vênus , pretende lançar um observatório solar até 2021 e já tem um projeto, chamado de Gaganyaan , de uma cápsula tripulada para viagens espaciais. O primeiro voo não-tripulado deve ocorrer até 2020, com os astronautas sendo envolvidos a partir de 2022.
Tudo isso com um investimento de 1,5 bilhão de dólares ao ano, valor muito abaixo do utilizado por outros países e que mostra toda a capacidade dos cientistas indianos, que seguem fazendo muito com bem menos.