Uma equipe de cientistas da Universidade da Califórnia (UC), nos Estados Unidos, liderada pelo cientista brasileiro Alysson Muotr i, lançou uma caixa com “minicérebros” humanos para a a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) neste domingo (21).
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O objetivo da pesquisa é estudar o cérebro humano em ambiente com pouca ou nenhuma gravidade, e tentar responder a algumas questões fundamentais da biologia: um embrião humano pode crescer naturalmente fora da Terra? O cérebro se formou normalmente? Como a falta de peso altera as regras básicas, definidas pela gravidade, do desenvolvimento humano?
Os “ minicérebros ”, também chamados de organoides, são versões reduzidas do órgão mais complexo do nosso organismo.
Esses minicérebros serão estudados na ISS, a 400 km de distância da Terra , onde pesquisadores vão documentar como essas massas de células se organizam para formar os primórdios de um cérebro funcional.[
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“Nós seremos capazes de observar continuamente a formação do tubo neural, incluindo migração celular, interação entre células, divisão celular e morte celular. Essa será a primeira de uma série de viagens espaciais para nos ajudar a entender os meandros do desenvolvimento celular, tanto em um ambiente sem gravidade quanto na Terra”, diz Muotri.
O cientista brasileiro ainda destaca que esse tipo de experimento nunca foi feito para nenhum tipo de organóides derivado de células-tronco, e que a engenharia de manter essas estruturas em 3D vivas, em um ambiente de microgravidade, é um grande desafio.
Segundo Erik Viirre, professor de neurociências e diretor do Centro para a Imaginação Humana Arthur C. Clarke, da UC, os resultados deste estudo terão enormes implicações para a colonização espacial e a saúde humana.
Os minicérebros permanecerão por quatro semanas na ISS, e então serão enviados de volta à Terra para análise e comparações com estruturas semelhantes que ficaram na Terra, que são o grupo controle. Serão avaliadas a epigenética, expressão genética e morfologia dos organoides.
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Em viagens futuras, os pesquisadores pretendem incorporar análises mais sofisticadas, como gravações eletrofisiológicas, que medem atividade elétrica e sinais entre as células.
Além de avaliar os efeitos da microgravidade no desenvolvimento cerebral, esse tipo de pesquisa pode ter implicações para a saúde humana aqui na Terra. “Essa e outras viagens nos ajudaram a criar modelos organoides que acelerem o entendimento de uma gama de doenças neurológicas”, diz Muotri. “Em última instância, nossas descobertas podem ajudar a moldar tecnologias futuras e modelos cerebrais para ajudar cientistas e médicos a criar cérebros mais resilientes”, completa o cientista.