O pesquisador americano Eduardo Mercado III, da Universidade de Buffalo, nos Estados Unidos, sugeriu uma nova teoria para explicar o famoso canto das baleias. Segundo o professor do departamento de psicologia, por mais que a justificativa mais conhecida para a ‘música’ seja a de atrair animais do sexo oposto, pode ser que os mamíferos usem o canto como um sonar, ou seja, para conseguir analisar o cenário auditivo do ambiente.
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De acordo com o site da Universidade, o canto das baleias , que é considerado uma das performances acústicas mais sofisticadas do reino animal, há décadas tem sido visto como uma maneira para os animais conseguirem se reproduzir. Os machos reproduziriam o som para atrair fêmeas ou para competir com outros machos. Mas pode ser que exista outra função para a ‘música’.
Enquanto muitos cientistas já pensaram que jubartes usam sonares, Mercado foi o primeiro a sugerir que o famoso som emitido pelos animais seja usado como um sonar . “Quase todos os biólogos vão dizer que isso não tem cabimento, mas eu continuo acreditando que o atual consenso científico [sobre o tema] está errado”, disse o pesquisador, que publicou sua teoria na revista Frontiers in Psychology.
“Assumir que as baleias escutam a canção como um som agradável, como nós humanos, pode simplesmente ser uma forma de impor nossa percepção sobre elas”. Assim, o professor levantou a questão: o que exatamente estão percebendo?
Ele argumentou que todas as evidências captadas até agora não são o suficiente para sustentar a hipótese que liga o canto com a reprodução da espécie, e que em vez de cantar para impressionar um potencial parceiro sexual ou se comunicar de maneira geral, os sons seriam emitidos para a análise e percepção do próprio ‘cantor’.
Desta forma, Mercado explicou que as jubartes cantam como uma forma de explorar o seu mundo, já que os sons forneceriam importantes informações aos animais, que, por sua vez, as analisariam por meio do sentido chamado ecolocalização, ou seja, a capacidade de identificar a distância e localização de determinados objetos pela emissão de ondas ultrassônicas.
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Canto das baleias ainda teria papel reprodutivo
O objetivo do canto, no entanto, ainda seria predominantemente reprodutivo. O foco não seria impressionar o sexo oposto, mas sim conseguir identificar a presença de outras baleias no mar e saber se o responsável pelo som seria capaz de chegar até elas. “Elas estão tentando criar um cenário que não estaria ali de outra maneira. Quando elas criam esses ecos, é como se acendessem um holofote no escuro”.
E tal ação é mais difícil do que humanos tentando aprender, anualmente, uma nova língua. “Para as baleias, não é só linguagem, mas um espectro completamente novo de sons e padrões de sons”, explicou Mercado. “Seria como se nós tentássemos nos comunicar com uma nova espécie de humanos com diferentes cordas vocais que produzem uma língua radicalmente diferente”.
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Desta maneira, compreender o canto das baleias pode ter implicações para toda a biologia. "Se a minha hipótese for válida, isso significa que estes mamíferos estão fazendo algo muito mais complicado do que os humanos sequer podem começar a se aproximar", disse o cientista. "Se entendermos como elas conseguem fazer isso, podemos até compreender melhor como os cérebros funcionam de modo geral", finalizou.