Os últimos momentos do verão, nesta terça-feira (20), serão sucedidos pelo fenômeno astronômico do equinócio, que acontecendo duas vezes por ano, é o responsável pela entrada do outono, em março, e da primavera, em setembro. Isso significa que, às 13h15 de hoje, o sol incidirá com maior intensidade nas áreas mais próximas da linha do Equador, dando as boas-vindas ao outono. Mas, como seria possível observá-lo?
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De acordo com Tânia Maris Pires Silva, coordenadora do Planetário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), um equinócio pode ser entendido como o momento em que o Sol passa exatamente no centro da superfície terrestre. Dessa forma, os dois hemisférios recebem a mesma quantidade de luz e, neste dia, os períodos de luz e escuridão são simétricos.
A inclinação do eixo da Terra e o seu movimento de translação são os responsáveis por explicar o fenômeno. Já que o planeta conta com um eixo inclinado, sua trajetória ao redor do Sol nunca será exatamente a mesma: a cada volta, ao longo do período de um ano, os raios solares incidem de maneiras distintas sobre a nossa superfície. Tal movimento em torno da estrela é chamado de "plano de órbita da Terra", segundo explica a mestre em física pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR), Polyanna Alves.
"Vista do espaço, a Terra se move neste plano com a nossa linha do equador posicionada de um modo menos parecido com um carrossel e mais parecido com o brinquedo de parques de diversão ' enterprise '", pontua. "O equinócio é uma consequência natural do movimento que fazemos em torno do Sol e do modo como descrevemos essa trajetória, deslocamento este responsável pelas diferenças entre a duração dos dias e das noites ao longo das estações".
É por isso que as estações do ano, segundo Alves, acontecem por causa do plano de órbita do nosso planeta e o plano do equador terrestre, e, diferente do que muitos imaginam, não estão relacionadas ao nível de proximidade entre o Sol e a Terra.
Como observar um equinócio?
Observar o evento pode ser uma tarefa muito fácil, de acordo com Silva, exigindo apenas um céu sem nuvens e a orientação de uma bússola. Durante os equinócios, o sol sempre nasce exatamente no ponto cardeal leste e se põe no oeste
, então, basta olhar para o céu com tais instruções para ver o fenômeno.
Alves, no entanto, ressalta que a melhor forma de identificar o movimento, de maneira completa, seria fotografando o nascer ou o pôr do sol a cada 15 dias, sempre com a câmera na mesma posição. Ao comparar as imagens, o dia do equinócio ficaria claro de acordo com as diferenças de cada imagem.
Outra maneira seria, de acordo com a professora adjunta do departamento de astronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Daniela Borges Pavani, “observar o fenômeno usando uma vara fincada perpendicularmente no solo e marcar o comprimento das sombras com cordas. A figura que irá formar permite obter as direções dos pontos cardeais e identificar os dias de transição”.
Solstícios de inverno e de verão
Para “completar” os eventos astronômicos que marcam a entrada das estações do ano, os chamados solstícios também acontecem duas vezes por ano e marcam a entrada do verão e do inverno.
Segundo a física Silvania Sousa do Nascimento, professora da Universidade Federal de Minas Gerais e coordenadora do Núcleo de Astronomia do Espaço do Conhecimento UFMG, o solstício acontece “no dia do ano que o Sol nasce mais ao sul do nosso ponto de referência, quando teremos uma trajetória que resulta no máximo de tempo de luz solar em nosso hemisfério”.
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Se assim como o equinócio, você quiser presenciá-lo, poderá observar – sempre com proteção e filtros adequados – que, nos dias de solstícios , o sol nasce o mais distante do leste e se põe o mais distante do oeste. Mas, para isso, será preciso ter calma: o próximo solstício só acontece dia 21 de junho, quando o hemisfério sul se despede do outono e recebe o inverno.