Pesquisadores da Guatemala e da Europa descobriram uma cidade maia perdida em uma selva na região guatemalteca de El Petén. De acordo com a BBC News , uma nova tecnologia de raio laser, usada para mapeamentos aéreos, foi a responsável pela descoberta, que encontrou mais de 60 mil construções, pirâmides e fortalezas no local.
Leia também: Arqueólogos acham cidade misteriosa do Império Romano em escavação na França
Grande o suficiente para ser chamado de megalópole, estima-se que o local, nas proximidades de outros sítios arqueológicos da civilização maia , tenha sido residência de ao menos 10 milhões de pessoas. “Com estas novas informações, não é absurdo pensar que havia de 10 a 15 milhões de pessoas aqui”, explicou Francisco Estrada-Belli, professor da Universidade de Tulane. “Isso inclui muitas delas vivendo em áreas baixas e pantanosas, que muitos de nós acreditavam ser inabitáveis”, apontou.
As descobertas, anunciadas na última quinta-feira (1), incluem um campo agropecuário de tamanho industrial e canais de irrigação, o que sugere o cultivo em larga escala de alimentos para suprir as necessidades de uma população de milhões de pessoas. “Sua agricultura era muito mais intensa e sustentável do que imaginávamos, e eles cultivavam cada centímetro do campo”, detalharam os pesquisadores.
Obtidas através de uma tecnologia de mapeamento chamada Lidar , que aponta uma luz de laser pulsada para o solo e, assim, revela contornos e estruturas antes escondidos pela selva, as imagens revelaram novos detalhes sobre a civilização pré-colombiana. Foi possível observar, por exemplo, que a c idade possui mais de 2.100 km² e que os maias modificaram a paisagem natural de forma extensiva, e em alguns casos, até 95% da terra disponível era cultivada.
Leia também: Crânio de 13 milhões de anos traz dados inéditos da evolução de homens e macacos
A arqueologia das civilizações pré-colombianas
“Acredito que este é um dos maiores avanços em mais de 150 anos de arqueologia dos Maias”, disse Stephen Houston, professor de arqueologia e antropologia na Universidade de Brown. “Sei que isso pode parecer um exagero, mas quando eu vi as imagens, senti lágrimas em meus olhos”.
Agora, cientistas começaram a sugerir que as civilizações da América Central possuíam tecnologias sofisticadas que se assemelhavam às encontradas nas antigas Grécia e China. As estruturas que mais chamaram a atenção dos especialistas foram as fortalezas, que propõem um grande investimento na defesa dos maias, que viveram seu ápice há 1.500 anos.
Além de uma grande pirâmide coberta pela vegetação local, outra descoberta foi uma rede complexa que conecta todas as cidades da área. Estradas elevadas foram construídas para facilitar o acesso durante as épocas de chuva, e dada sua grande extensão, é possível imaginar que elas eram utilizadas de forma massiva, inclusive para o comércio e troca entre as populações.
Leia também: Arqueólogos egípcios encontram estátua gigante de faraó Ramsés II no Cairo
A pesquisa com o Lidar foi a primeira parte de um projeto, que deve durar três anos, liderado por uma organização da Guatemala. Seu objetivo é promover a preservação da cultura maia, e desta forma, pretende mapear mais de 14 mil quilômetros quadrados das planícies do país.