Depois de percorrer oito bilhões de quilômetros em uma jornada que já dura 20 anos, a missão espacial Cassini chegará ao fim na próxima sexta-feira (15). Lançada da Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, na Flórida, Estados Unidos, a nave deve finalizar seu trabalho às 7h30, horário de Brasília, ao “mergulhar” na atmosfera de Saturno e se desintegrar durante o trajeto.
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Responsável por observações que revolucionaram a forma como os cientistas entendem Saturno , a missão foi iniciada em outubro de 1997. Ela demorou sete anos para percorrer mais de três bilhões de quilômetros até chegar ao planeta e seus famosos anéis, onde passou mais 13 anos e descobriu, dentre outros importantes feitos, seis de suas 60 luas.
Agora, sem combustível o suficiente, os cientistas da Nasa decidiram que fazê-la atravessar a atmosfera do planeta, como um verdadeiro meteoro, é a melhor maneira de encerrar suas atividades. De acordo com o site Telegraph
, espera-se que a comunicação entre Cassini e a Terra seja encerrada às 08h55 (de Brasília), quando a nave começará a sentir os efeitos da atmosfera e sua antena de comunicação perder o sinal.
Neste momento, a sonda estará 1,5 mil quilômetros acima das nuvens saturninas, onde iniciará a queimar como um meteoro e, finalmente, se desintegrará. Dois minutos após a perda do sinal, a missão chegará ao seu fim. Sua última transmissão, porém, vai demorar cerca de 83 minutos para chegar a Terra , devido a longa distância e ntre os planetas .
“O último sinal de Cassini será como um eco. Ele vai irradiar pelo Sistema Solar por quase uma hora e meia depois da nave se desintegrar”, explicou Earl Maize, que trabalhou no projeto no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (JPL), em Pasadena.
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A missão Cassini-Huygens
A missão foi concebida em meados de 1980, e quando foi lançada, carregava consigo o orbitador Huygens , nomeado em homenagem ao holandês Christiaan Huygens, o primeiro a sugerir que o planeta possuía anéis e também a observar Titã – a maior lua saturnina –, onde a sonda se estabeleceu.
No primeiro contato entre um artefato humano e um corpo celeste além do cinturão de asteroides, que divide o Sistema Solar em dois, ele descobriu, dentre outras informações, as nuvens de metano que recobrem a lua e grandes rios e oceanos de hidrocarbonetos no solo do corpo celeste.
Graças à missão Cassini (cujo nome homenageia Giovanni Cassini, italiano do século 17 que observou quatro luas saturninas), hoje sabemos que o planeta possui milhões de anéis, provavelmente, remanescentes de uma lua que chegou perto demais e foi atraída pelo enorme campo gravitacional do corpo. Além disso, também capturou incríveis fotos do planeta, de uma tempestade que só acontece uma vez a cada 30 anos e a mudança de suas estações climáticas.
Além disso, devemos à missão a descoberta de que, na lua de Encélados, existe um grande oceano formado por água líquida, sais e compostos orgânicos simples. Tal descoberta despertou nos cientistas da Nasa a vontade de desenvolver um artefato espacial para ser enviado até Encélados em busca de formas de vida semelhantes as que são encontradas em nosso planeta.
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“Vai ser difícil dizer adeus, mas eu estou muito orgulhosa de tudo que Cassini conquistou em e de ter feito parte dessa missão em Saturno desde o início”, disse Linda Spilker, projetista científica do Laboratório JPL, segundo informações do The Guardian .