Cientistas desenvolveram um útero artificial que pode aumentar as chances de sobrevivência de milhares de bebês prematuros. Atualmente, sem a tecnologia, somente uma a cada dez crianças nascidas antes da 37ª semana gestacional sobrevive.
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A esperança dos especialistas é que o útero artificial reduza significativamente a taxa de mortalidade infantil. No Brasil, o nascimento prematuro é a principal causa de morte até os cinco anos de idade, segundo a ONG Prematuridade.
O novo dispositivo é formado por um saco plástico cheio de um fluído rico em nutrientes que mantém o recém-nascido em um ambiente semelhante ao uterino. A invenção já foi testada com sucesso com fetos de carneiro em idade gestacional equivalente a um feto humano na 23ª semana.
Os animais prematuros cresceram dentro do saco de forma saudável por até quatro semanas e alguns deles já têm um ano de idade. Os cientistas acreditam que a tecnologia poderá estar pronta para testes com humanos em três a cinco anos.
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Esse novo equipamento poderia fazer uma grande diferença no Brasil, que ocupa a décima posição no ranking de mais nascimentos prematuros. A cada ano cerca de 10% dos partos realizados no País são de bebês prematuros, totalizando aproximadamente 300 mil crianças.
A equipe norte-americana responsável pela pesquisa afirma que o sistema só funcionaria para crianças nascidas antes da hora, mas não poderia substituir o ventre materno nas primeiras etapas do desenvolvimento fetal.
O principal pesquisador e diretor do Centro de Pesquisa Fetal do Hospital Infantil da Filadélfia, doutor Alan Flake, disse que o objetivo é oferecer um ambiente no qual bebês prematuros possam desenvolver seus pulmões e outros órgãos durante o período crítico da 23ª à 28ª semana.
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“Nosso sistema pode prevenir enfermidade severa sofrida por crianças extremamente prematuras ao oferecer uma tecnologia médica que ainda não existe”, disse Flake. “Essas crianças têm uma necessidade urgente por uma ponte entre o útero e o mundo externo”.
“Esse sistema é, potencialmente, muito superior ao que os hospitais podem fazer atualmente por um bebê nascido na 23ª semana, no limite da viabilidade. Isso poderia estabelecer um novo padrão de cuidado com os extremamente prematuros”, explicou o pesquisador.
Como funciona?
Ao contrário de incubadoras hospitalares, o dispositivo reproduz condições de um útero de verdade. O próprio coração do bebê circula o sangue pelo cordão umbilical até uma máquina externa de troca de gases que substitui a placenta.
Nenhuma válvula mecânica é utilizada já que até a pressão mais suave poderia sobrecarregar fatalmente o coração subdesenvolvido. Um fluído amniótico artificial, enriquecido com nutrientes, circula pela bolsa com temperatura controlada.
Seis carneiros prematuros foram usados para testar o útero artificial. Os animais se desenvolveram normalmente, respirando, engolindo e abrindo os olhos sem problemas. Eles também cresceram pelo e seus nervos e órgãos tiveram desenvolvimento adequado.