Ciclone: dois fatores provocam chuvas intensas nas próximas horas

Linha de instabilidade e chuva orográfica devem intensificar alto risco de tempestades, ventos intensos e altos volumes de precipitação acumulados

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Foto: FreePik
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O ciclone extratropical que se formou no Sul do país nesta sexta-feira (7), acabou provocando uma linha de instabilidade que deve avançar nas próximas horas com alto risco de tempestades severas, com ventos intensos e granizo de variados tamanhos. As informações são da Metsul Meteorologia.

A linha de instabilidade provocada pelo ciclone começa a se formar ainda na tarde desta sexta-feira (7), formando várias células de tempestades entre o Noroeste e o Norte do Rio Grande do Sul. 

O sistema deve avançar rapidamente ao longo do dia, alcançando Santa Catarina e o Paraná entre o período da tarde e noite. 

A atuação desse fenômeno traz alto risco de tempo severo no Noroeste e Norte gaúcho, em Santa Catarina, principalmente no Oeste e Meio-Oeste, no Paraná e em áreas do Oeste e Sul de São Paulo entre a noite desta sexta e o começo de sábado.

De acordo com a Metsul, uma linha de instabilidade é uma extensa faixa de nuvens de tempestade que se forma devido ao contraste entre massas de ar. Normalmente o ar quente e úmido à frente e o ar frio e seco atrás, podendo se estender por centenas de quilômetros.


E esse é exatamente o cenário previsto para a tarde e noite desta sexta-feira (7), quando uma massa de ar frio, vinda do Nordeste da Argentina e impulsionada por uma área de baixa pressão, deve encontrar o ar quente no Sul do Brasil, principalmente entre o Norte do Rio Grande do Sul e o Paraná.

O rápido deslocamento e a organização linear tornam as linhas de instabilidade um dos fenômenos mais perigosos. O principal risco está nos ventos horizontais violentos, conhecidos como straight-line winds.

Esses ventos são causados pela descida de ar frio e denso das nuvens (downdraft), que ao atingir o solo se espalha com força, gerando rajadas que podem ultrapassar 100 km/h, derrubando árvores, postes e estruturas frágeis, muitas vezes com danos semelhantes aos de um tornado. 

A passagem desse sistema pelo Sul do país e parte de São Paulo, nesta sexta-feira, traz alto risco de vendavais e tempestades severas.

Chuvas orográficas

Além da linha de instabilidade, a Metsul adverte para o risco de chuvas excessivas com natureza orográfica no Litoral Norte do Rio Grande do Sul e no Sul de Santa Catarina.

Segundo a Metsul, nas próximas horas os acumulados podem superar a média histórica do mês inteiro em poucas horas.

Os modelos meteorológicos indicam volumes superiores a 100 mm entre hoje e amanhã, na faixa que vai do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, de Morro Alto até Torres, e o Sul de Santa Catarina. 

Em algumas áreas isoladas, as projeções apontam volumes de 150 mm a 200 mm, com possibilidade de valores ainda maiores. 

Os volumes de chuva no Litoral Norte do Rio Grande do Sul e no Sul de Santa Catarina se concentram pelas projeções em áreas junto à Serra do Mar, nas cadeias de morros e encostas.

O que também inclui, no caso do Rio Grande do Sul, os municípios localizados junto à Serra do Mar como: Morrinhos do Sul, Maquiné, Caraá, Terra de Areia, Três Forquilhas e Dom Pedro Alcântara. 

A Metsul ainda alerta para o risco de alagamentos e inundações repentinas nessas regiões, com possibilidade de transbordamento de rios menores e arroios, o que pode isolar comunidades. 

Também há risco de deslizamentos, já que o solo permanece encharcado após o episódio de chuva orográfica intensa registrado no fim de outubro, que acumulou quase 200 mm .

O grande volume de chuva também é consequência do ciclone extratropical. A circulação do ciclone fará com que ventos úmidos do mar avancem para o continente e encontrem as elevações da Serra do Mar, favorecendo novamente a formação de chuva orográfica.

A chuva orográfica é a precipitação induzida pelo relevo. E ocorre quando a umidade do oceano é trazida pelos ventos e encontra a barreira do relevo da Serra do Mar. Ao subir, o ar úmido se resfria nas camadas mais altas da atmosfera, o que provoca a condensação do vapor d’água e resulta em precipitação induzida pelo relevo.