
Imagens de satélite desta quinta-feira (11) apontam dois ciclones extratropicais sobre as águas do Atlântico Sul.
Um deles está perto da Argentina, não intenso, e o outro, de grande dimensão e intenso, está mais afastado do continente.
De acordo com informações da MetSul Meteorologia, nenhum deles oferece riscos para o Brasil, até porque o mais intenso está longe de terra firme.
Mas foi esse ciclone maior, segundo o instituto, que provocou as fortes rajadas de ventos registradas na região Sul do país, no início da semana.
Na segunda-feira, no Rio Grande do Sul, os ventos chegaram a 101 km/h em Cambará do Sul, 76 km/ em Rolante, 70 km/h em Taquara, 69 km/h em Morro Reuter e 63 km/h em Riozinho.
Em Santa Catarina, as rajadas também chegaram a 84 km/h em Urupema.
O impacto do ciclone também foi sentido no interior de São Paulo, com tempestade de poeira, e no Rio de Janeiro, com aviões arremetendo no aeroporto Santos Dumont pro causa do vento forte.
Impacto do ciclone menor
Ainda segundo a MetSul, o segundo ciclone, pequeno e não intenso, que está perto da Argentina, acompanha o avanço de uma massa de ar frio marítima que deverá trazer marcas mais agradáveis nos próximos dias mais a Leste do Sul do Brasil e áreas perto da costa em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Os ciclones extratropicais são recorrentes no Atlântico Sul ao longo do ano, especialmente em meses frios do outono, inverno e começo da primavera.
Eles se formam com frequência nas latitudes médias da América do Sul, especialmente entre o Uruguai e o Sul do Brasil.
De acordo com análises da MetSul Meteorologia, a região está entre as áreas do mundo com maior número de formações desse tipo de sistema atmosférico.
Como se formam
A principal explicação está no encontro de massas de ar de características muito diferentes. Ao longo do ano, frentes frias impulsionadas por ar polar que desce da Antártica se chocam com o ar quente e úmido vindo dos trópicos e da Amazônia.
Esse contraste térmico gera as condições necessárias para a ciclogênese, ou seja, o nascimento de um ciclone.
Outro ingrediente fundamental é a atuação da corrente de jato, uma faixa de ventos intensos em altos níveis da atmosfera.
Segundo a MetSul, essa corrente funciona como um motor para o desenvolvimento dos sistemas, ao favorecer a queda da pressão na superfície e organizar a circulação ciclônica.
Não por acaso, muitos dos ciclones extratropicais observados no Atlântico Sul surgem a partir de frentes frias que ganham força com suporte da corrente de jato.
O oceano também contribui para a frequência desses fenômenos.
Na altura do Rio da Prata e da costa sul-brasileira ocorre o encontro da Corrente do Brasil, de águas mais quentes, com a Corrente das Malvinas, de águas frias.
Esse choque térmico marítimo potencializa os ciclones que já estão em formação e pode inclusive acelerar sua intensificação.
Conforme destaca a MetSul, esses ciclones têm papel fundamental no clima da região. Eles regulam o regime de chuvas, são responsáveis por episódios de vento intenso e viabilizam a entrada de massas de ar frio que moldam o tempo no Cone-Sul.
Embora muitas vezes associados a estragos e transtornos, os ciclones extratropicais são parte essencial da dinâmica atmosférica que garante o equilíbrio climático no Sul do Brasil e países vizinhos, explicam os especialista da MetSul.